Alta em 2011 foi a maior registrada desde 2007, quando chegou ao pico de 54,8%, segundo consultoria
SÃO PAULO - O valor do aluguel de escritórios de alto padrão na cidade de São Paulo disparou no ano passado, impulsionado pelo descompasso entre oferta e demanda. Segundo levantamento da consultoria imobiliária Colliers International, obtido pela Agência Estado, o valor médio pedido nas locações de imóveis corporativos de classe A na capital paulista cresceu 17,9% em 2011, maior alta registrada desde 2007, quando chegou ao pico de 54,8%. O dado de 2011 representa uma forte aceleração se comparado ao avanço de 9,2% em 2010. Para este ano, a consultoria ainda espera uma nova alta, na faixa de 10%.
A taxa de vacância (porcentual de imóveis vagos dentre o estoque total) em São Paulo foi de apenas 1,6% no quatro trimestre, um dos menores níveis entre as 172 cidades em 56 países cobertas pela pesquisa. Se considerado o estoque de Alphaville, bairro empresarial de Barueri, na região metropolitana, a taxa de vacância foi de 5,1%.
Nos últimos anos, vem aumentando o número de empresas que procuram se instalar em prédios mais espaçosos e funcionais, que ajudam a melhorar a produtividade das operações. Entre as principais locatárias estão as instituições financeiras, prestadoras de serviços e companhias ligadas ao varejo. "O aumento dessa demanda está atrelado ao crescimento generalizado da economia nos últimos anos", explicou o gerente de escritórios da Colliers, André Strumpf.
Por outro lado, o mercado imobiliário não consegue atender imediatamente o aumento da procura devido à falta de terrenos para novos prédios, à demora no processo de licenciamento e ao período para execução das obras. "Um novo empreendimento leva cerca de quatro anos para ser entregue", observou Strumpf.
A consequência é que o valor médio pago mensalmente pelo metro quadrado duplicou nos últimos cinco anos, passando de R$ 52,5 em 2006 para R$ 118,5 no final de 2011. Entre os bairros pesquisados, o preço mais alto foi verificado nas regiões da Faria Lima (R$ 185), Itaim (R$ 178) e Vila Olímpia (R$ 133). Entre aqueles abaixo da média ficaram Chácara Santo Antônio (R$ 68), Alphaville (R$ 69) e Barra Funda (R$ 80).
Demanda e tendências
A taxa de vacância de 1,6% em São Paulo nos últimos três meses do ano foi maior que a taxa de 0,5% do trimestre anterior e acima também do 1,2% registrado no mesmo trimestre do ano anterior. Entre as regiões pesquisadas, as mais ocupadas foram Barra Funda e Chácara Santo Antônio, com vacância zero, Berrini e Paulista, com vacância de 0,4%, e Vila Olímpia, com 0,5%.
Apesar de baixo, o nível de vacância de 1,6% em São Paulo no quarto trimestre de 2011 foi o maior do ano passado. Além disso, ele interrompeu um ciclo de queda da vacância que perdurava desde o fim de 2009, quando estava em 8,4%, e seguiu até o terceiro trimestre de 2011, quando atingiu 0,5%, a menor do ranking global da Colliers. A consultoria atribuiu a elevação no fim do ano passado a um clima de maior cautela entre o empresariado. "Com os preços altos dos alugueis e as incertezas vindas da Europa, muitas empresas puxaram o freio de mão", disse André Strumpf.
Para 2012, a consultoria estima que serão entregues 500 mil metros quadrados de imóveis corporativos classe A em São Paulo, um volume bem maior que os cerca de 190 mil metros quadrados entregues em 2011. O aumento é explicado pelo crescimento do mercado imobiliário e pelo atraso na conclusão de empreendimentos importantes do ano passado, como o Pátio Malzoni (de 68,6 mil metros quadrados, na Faria Lima) e o Brascan Century Plaza, Torre Corporate (de 29,9 mil metros quadrados, em Alphaville).
Com o crescimento da oferta, Strumpf estima um aumento da taxa de vacância para o nível de 3% em São Paulo e de 8% se contabilizados o estoque da capital e de Alphaville. No entanto, o gestor descarta a possibilidade de recuo nos valores de locação, argumentando que a demanda continuará crescente e que boa parte dos novos empreendimentos a serem entregues já têm contratos firmados de pré-locação. "Não haverá queda, apenas um crescimento mais moderado em relação a 2011, na faixa de 10%."
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