quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Caixa busca alternativa para financiar imóvel sem subir juros

FELIPE VANINI BRUNING
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para reagir a um possível esgotamento de sua maior fonte de recursos para crédito imobiliário, a Caixa Econômica Federal estuda alternativas à poupança para o financiamento habitacional.

O presidente da Caixa, Jorge Fontes Hereda, afirmou que o ideal é que a poupança, tradicional fonte de recursos da habitação, não seja a única forma de bancar a compra de imóveis.

"Estamos estudando alternativas. Uma delas é um maior mix de LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e poupança", afirmou ele.

"Se não conseguirmos, os juros vão aumentar", completou Hereda. O vice-presidente de finanças da Caixa, Márcio Percival, afirmou, porém, que a situação está equacionada até o final de 2012. "O aumento de juros dos financimentos de imóveis da Caixa vai depender da mudança de estrutura de captação de recursos, que deve ocorrer em 2013", disse.

Líder no empréstimo para aquisição de imóveis no país, com uma fatia de cerca de 75% do mercado, a Caixa teve crescimento de 48,8% em sua carteira habitacional em comparação ao ano passado, de acordo com o resultado trimestral divulgado nesta quinta-feira.

Até este mês, o banco já concedeu R$ 45 bilhões em empréstimos e prevê atingir R$ 90 bilhões até o final do ano --um aumento de 20% em relação a 2010--, número que foi revisto para cima por conta do crescimento.

Segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), de janeiro a junho, R$ 37 bilhões do crédito imobiliário vieram da poupança, o que representou 45% da meta ante 40% em 2010.

REGRAS

No SFH (Sistema Financeiro de Habitação), o trabalhador pode usar o saldo da sua conta individual do FGTS para reduzir o financiamento. No SFH, as moradias devem ser avaliadas em até R$ 500 mil.

Uma das fontes de recursos do SFH é o FGTS, que reúne as contas de todos os trabalhadores e tem juros limitados a 8,16% ao ano mais TR. A linha é direcionada para moradias até R$ 170 mil e para famílias com renda mensal até R$ 4.900.

A outra fonte do SFH é a poupança. Atualmente, as instituições financeiras são obrigadas a direcionar 65% dos depósitos na caderneta para o crédito imobiliário.

A taxa de juros é limitada a 12% ao ano mais TR para financiamentos habitacionais que utilizam 52% dos depósitos da poupança. Os outros 13 pontos percentuais --que completam os 65%-- podem ser direcionados para moradias fora do SFH, logo acima de R$ 500 mil, ou imóveis comerciais de qualquer valor. Nesses dois casos, não há limite para a taxa de juros.

CRISE

De acordo com Hereda, a Caixa está preparada para aumentar a concessão de crédito. "Temos discutido essa possibilidade nas reuniões do conselho e estamos dispostos a cumprir nosso papel de banco público", disse.

Durante a crise de 2008, junto com o Banco do Brasil, a Caixa continuou com o crédito em expansão para estimular a economia. A providência foi adotada a pedido do governo.

Para Hereda, as instituições bancárias privadas erraram ao pisar no freio na crise de 2008.

"Eles perderam espaço e a Caixa conseguiu aumentar sua penetração no segmento comercial", afirmou ele.

MINHA CASA, MINHA VIDA

O vice-presidente de Governo da Caixa, José Urbano Duarte, afirmou que o banco está preparado para implementar as mudanças de limite e de faixa salariais que estão sendo discutidas pelo governo quando forem aprovadas.

"Nossos sistemas e simuladores já estão adaptados para essas mudanças quando elas acontecerem", disse.

Quanto à dificuldade de se encontrar imóveis dentro da faixa de preços estipulada pelo Minha Casa, Minha Vida, Hereda afirmou que o governo precisa se unir.

"Para a maior parte do país, esses recursos são suficientes. Mas, em São Paulo, os terrenos são mais valorizados. Por isso, há necessidade de as três esferas de governo (municipal, estadual e federal) se unirem", afirmou.

Com reportagem de São Paulo

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