TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO
Aquela sensação incômoda de que o funcionário do banco não consegue elucidar todas as dúvidas sobre crédito imobiliário pode estar com os dias contados. A Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) vai começar a certificar os profissionais que atuam com produtos desse segmento.
O primeiro teste ocorre no final deste mês e será aplicado a quem trabalha em bancos, securitizadoras e companhias hipotecárias.
O universo potencial é estimado em cerca de 20 mil pessoas, mas profissionais de áreas correlatas, como corretores de imobiliárias, podem se submeter ao teste. Haverá uma prova nos centros da FGV (Fundação Getulio Vargas) em todo o país para quem lida diretamente com o consumidor final e outra para os que atuam com empresas, como construtoras, por exemplo. Nos primeiros dois anos, a adesão será voluntária. "Depois a certificação começa a ser uma exigência", afirma Luiz Antonio França, presidente da entidade.
Para o executivo, "por enquanto, não há problemas porque o mercado é pequeno, mas é preciso ter uma padronização mínima" nas informações e procedimentos, destacando a expansão do setor em ritmo acelerado nos últimos anos.
As operações de crédito imobiliário com recursos da poupança atingiram R$ 37 bilhões no primeiro semestre deste ano, registrando o melhor resultado para esse período na série histórica, iniciada em 1967, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira. Junho, por sua vez, apresentou o melhor resultado mensal da série em valor (R$ 7,78 bilhões) e em quantidade (46,5 mil imóveis). Para todo o ano, a previsão é chegar a R$ 85 bilhões e 540 mil unidades.
NECESSIDADE
França diz que a Abecip está antecipando uma necessidade porque o número de profissionais envolvidos vai continuar crescendo."E a operação tem que ser muito clara para o mutuário", completa, lembrando que os consumidores estão pouco acostumados a fazer financiamentos de longo prazo.
Em 2008, o crédito habitacional representava 2,1% do PIB (Produto Interno Bruto) e a previsão é atingir 4,1% ao final deste ano. Para 2014, a projeção é saltar para 11%.
O executivo reiterou nesta quarta-feira, em coletiva de imprensa para divulgar os números do setor no primeiro semestre, que já em 2013 os recursos da caderneta de poupança não serão suficientes para financiar todo o potencial de clientes.
A outra grande fonte de recursos do crédito imobiliário atualmente é o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), com taxas de juros menores --limitadas a 8,16% ao ano mais TR. A linha, no entanto, só está disponível para moradias de até R$ 170 mil e para famílias com renda até R$ 4.900 --valor que será elevado para R$ 5.400 em breve, após a publicação de portaria no "Diário Oficial da União".
Considerando as duas fontes, os financiamentos chegaram a R$ 49,9 bilhões no acumulado dos seis primeiros meses do ano, com acréscimo de 38%. Em quantidade (645 mil), a expansão foi de 30%.
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