Leonardo Gorges, especial para O Estado
SÃO PAULO - Mesmo com expectativas mais contidas para a economia neste ano, corretores e líderes de entidades do ramo imobiliário creem em expansão, incluindo a cidade de São Paulo, maior mercado do País. Uma das justificativas, segundo eles, é o ainda considerável déficit habitacional.
Para o vice-presidente de imobiliário do Sindicato da Construção (Sinduscon-SP), Odair Senra, estamos entrando em um período de "normalidade boa", com ritmo de crescimento mais moderado. "Isso não é ruim. O mercado esteve superaquecido nos últimos anos e agora continuaremos expandindo, mas em uma intensidade mais normal", afirma Senra.
Segundo ele, embora haja uma perspectiva muito boa para médio e longo prazos, é difícil que se consiga igualar a 2010, quando o crédito imobiliário cresceu 65%, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
"Essa loucura de vender um lançamento inteiro em um dia não poderia se sustentar", diz Senra. Ele acrescenta que esse declínio na curva de expansão será bom para os consumidores, já que irá refletir nos preços.
O diretor-executivo da incorporadora Kallas, Roberto Gerab, vai além. Ele crê que bairros com valorização de até 100% nos últimos três anos, como Brooklin, Campo Belo, Moema e Jardins, podem ter o preço de seus imóveis reduzido no primeiro semestre. "Olhando esses números de valorização, é razoável acreditar em uma estabilização ou até mesmo em uma queda de 10%", diz.
No geral, entretanto, Gerab acredita que o preço dos imóveis deva subir entre 10% e 15% neste ano. As áreas que mais puxarão este aumento estão no eixo de expansão do metrô, como ocorre na linha 4-amarela.
Presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci), João Teodoro da Silva está mais cauteloso. De acordo com ele, o setor imobiliário atenuará sua linha de expansão. "Mesmo assim, acredito em um crescimento acima do estimado para o Produto Interno Bruto (PIB)", diz ele. As análises mais recentes do Banco Central (BC) avaliam que o Brasil deve crescer 3,4% este ano.
A expectativa é compartilhada pelo economista chefe do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Celso Petrucci, que prevê uma expansão de até 4% n0 PIB. Segundo ele, 2011 fechou com cerca de 32 mil novas unidades vendidas em São Paulo. Neste ano, a esperança é que o mercado receba 38 mil novas unidades, segundo o Secovi-SP. "Em 2011, as vendas caíram 15% na comparação com o ano anterior", diz.
Área. O alto preço do metro quadrado é outra questão altamente sensível para o bolso dos compradores paulistanos. Para Odair Senra, do Sinduscon, a tendência é que a valorização continue e o preço médio ultrapasse a barreira dos R$ 5 mil.
Pesquisa divulgada em outubro último pelo Ibope Inteligência revelou que o valor médio de um imóvel usado na capital chegava a R$ 4.979 por m². Entre os lançamentos, o preço saltava para mais de R$ 6 mil.
"Esse pequeno aumento é natural, ao contrário da supervalorização que ocorreu nos últimos anos", afirma Senra.
Outro executivo que acredita que o preço dos imóveis ainda não chegou ao topo é Ricardo Grimone, da incorporadora Even. Segundo ele, os índices de confiança dos consumidores continuam altos, o que deve fazer com que o mercado imobiliário continue aquecido.
O público de classe média, que procura apartamentos com dois ou três dormitórios, deve puxar a fila de atenção das empresas do ramo imobiliário. "É uma faixa econômica que está otimista e cada vez maior", afirma Grimone. Ele acrescenta que o mercado de maior luxo, com imóveis de quatro dormitórios, também pode crescer. "Esse grupo ficou muito tempo esquecido."
As perspectivas de longo prazo também são otimistas. O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, por exemplo, aposta que, nos próximos 20 anos, o déficit habitacional e a capacidade de produção garantirão a expansão do ramo imobiliário.
"Nosso setor teve um período negro entre 1990 e 2005, com a falta de crédito, mas agora o jogo virou. O cenário é outro e temos de aproveitá-lo", acredita Viana.
(Colaborou Gustavo Coltri)
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