Folha de São Paulo, 14/mai
Segundo levantamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento, preço alto dos imóveis inviabiliza negócios
Dado foi calculado com base na porcentagem de famílias que gastariam 30% de sua renda para pagar financiamento
Na cidade de São Paulo, 62% das famílias não têm condições de comprar uma casa ou apartamento próprio.
E isso ocorre, na maior parte dos casos, porque os imóveis estão muito caros.
Essas são algumas das conclusões de um levantamento feito pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) em 18 países da América Latina e do Caribe.
O dado foi calculado com base na porcentagem de domicílios que gastariam mais de 30% de sua renda para pagar prestações de financiamento de 20 anos, com 10% de entrada, considerando o imóvel mais barato em oferta. Em São Paulo, esse imóvel custa US$ 40 mil, diz o banco.
PREÇO ALTO
Segundo o coordenador da pesquisa, Cesar Bouillon, o principal motivo para a incapacidade dessas famílias de comprar sua casa é o preço elevado do imóvel na cidade e a escassez de imóveis para a população de baixa renda. Esse fator impede que 32% adquiram a casa própria.
"A maior parte dos imóveis em oferta é para famílias ricas", diz Bouillon. Para ele, o governo precisa incentivar, através de políticas, as empresas a construírem imóveis para a população mais pobre.
A Folha tentou entrevistar o secretário da Habitação, Ricardo Pereira Leite, mas ele não estava disponível.
O estudo identificou outros motivos para as famílias paulistanas não conseguirem comprar um imóvel, além do preço elevado: renda muito baixa (7%), dificuldade de comprovar renda (25%) e altas taxas de juros (8%).
A cidade latinoamericana com maior porcentagem de famílias que não conseguem comprar um imóvel (não entram na conta as famílias que podem construir suas próprias casas) é Caracas, na Venezuela. Lá, o imóvel mais barato custa US$ 54 mil.
Para o especialista em políticas sociais Haroldo Torres, parte grande das famílias já tem imóveis ou vai recebê-los como herança. "O que significa que, no caso de uma nova aquisição, a entrada pode ser bem superior a 10%."
Como isso não foi considerado na pesquisa, Torres acredita que a porcentagem de famílias que não podem comprar uma casa em São Paulo é menor do que 62%.
Para ele, o que a pesquisa mostra é que a moradia na cidade está cara. "Uma família que não tem ativos, e que tenta adquirir um imóvel agora, vai ter que ganhar bastante para conseguir fazê-lo. Esse esforço será provavelmente maior do que no passado."
O estudo do BID também aponta que 33% das famílias brasileiras são sem-teto ou não tem moradia adequada.
Falta de título de propriedade, paredes feitas de material descartado (como papelão), piso de terra e falta de ligação às redes de água tratada e esgoto foram fatores que, em conjunto ou isoladamente, definiram na pesquisa o que é moradia inadequada.
Já segundo o último censo do IBGE, de 2010, 43% das moradias brasileiras são consideradas inadequadas.
Link;
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao fazer comentário clique na opção conta do google ou anônimo para realizar o comentário