sexta-feira, 4 de maio de 2012
Estadão: Queda dos juros só é boa para as construtoras
O crescimento do crédito imobiliário e os juros menores tornaram, num primeiro momento, mais fácil a compra um imóvel. Como contrapartida, os preços explodiram, fato que, para muitos especialistas, confirma a existência de uma bolha imobiliária. Nesse cenário, o consumidor menos informado aceitou assumir dívidas de prazos maiores para conseguir encaixar no orçamento, e relizar o justo sonho da casa própria. Contudo, linhas de crédito "a perder de vista" são uma armadilha.
Na Caixa Econômica Federal, que acabou de reduzir o juro do crédito habitacional, o prazo médio dos financiamentos pulou de 18,3 anos para 25,3 anos de 2002 até este ano.
Na ponta do lápis, mais parcelas a pagar não são sinônimo de bom negócio. A simulação a seguir mostra o porquê. Um imóvel de R$ 500 mil, com entrada de R$ 100 mil, juro anual de 9% e financiado em 20, 25 ou 30 anos. Entre o menor e o maior prazo, a diferença das prestações é de R$ 555 (R$ 3.994 e R$ 4.549, respectivamente). É um valor que decidirá se você assumirá (ou não) uma dívida por 10 anos a mais.
"O consumidor opta por um prazo maior porque tem uma prestação menor e uma folga maior na renda", diz Rezende. A recomendação, contudo, é optar pelo menor prazo possível na hora de fechar um crédito imobiliário. Além de reduzir o gasto com o pagamento de juro, o comprador ainda terá uma margem de manobra para negociar com o banco, caso precise reduzir o valor da parcela no futuro. Essa escolha, porém, deve sempre respeitar o limite máximo de 30% para comprometimento da renda com o financiamento.
Roy Martelanc, economista e professor da FEA-USP, afirma que o consumidor deve evitar a prática de apenas checar se a prestação cabe no bolso e passar a olhar para o prazo. "Não recomendo (o financiamento imobiliário de longo prazo), são anos de vida que você está pagando. Se possível, financie em menos tempo ou compre um imóvel menor", afirma.
Comparação preocupante
Para Eduardo Zylberstajn, economista da Fipe e coordenador do índice FipeZap, que mede o valor de apartamentos, "o Brasil está chegando hoje ao mesmo nível de nações desenvolvidas, como os Estados Unidos, onde o financiamento da moradia é uma dívida para o resto da vida". Lembrando que os EUA foram responsáveis pela mais recente e traumática Bolha Imobiliária da economia mundial, levando milhares de famílias e instituições financeiras à falência completa.
Sinal de alerta
O salto do preço dos imóveis já afeta também os consumidores mais endinheirados. Na Idea!Zarvos, empreiteira de imóveis de alto padrão, clientes que antes pagavam o imóvel à vista hoje optam pelo financiamento, conta o presidente da empresa, Otávio Zarvos. "Mas são prazos menores, de até 10 anos", ressalta.
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,parcelar-imovel-no-longo-prazo-nao-e-vantajoso,111066,0.htm#?reload=y
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