segunda-feira, 14 de maio de 2012

Os quartos do futuro

O Globo, Karine Tavares, 13/mai

Livro analisa como casais, jovens e bebês vão dormir em alguns anos
Que espaço o quarto ocupa em sua vida? Do sono? Do estudo? Do trabalho? Ou tudo ao mesmo tempo agora? Se você ficou com a última opção, saiba que a tendência daqui para a frente é intensificar ainda mais essa multifuncionalidade. Pelo menos é o que defende a arquiteta Elisabeth Wey no livro "A casa de todos os tempos II - Quarto". A obra, lançada na última quarta-feira no Rio, faz um passeio pela história desse ambiente e traz, ao fim, uma análise de como serão os quartos em dez anos.
Segundo Elisabeth, uma das questões centrais será justamente a adequação desse espaço às necessidades profissionais de seus moradores. - Trabalhar de casa já é realidade em muitas empresas, e a tendência é que isso só aumente. Então, as pessoas vão querer ter um espaço em casa - explica a autora, para quem esta área será dentro do quarto e não mais num canto da sala ou em um ambiente exclusivo. Mas o momento do descanso também passará a ser mais valorizado. À noite, os quartos deverão ser totalmente escuros, sem qualquer ruído ou ponto de luz (como aqueles do stand by da TV e da internet ou a hora do relógio digital).
A temperatura deverá ser regulada para que fique em torno dos 20 graus, considerada ideal. E janelas acústicas se tornarão cada vez mais comuns. A automação permitirá o controle remoto de cortinas, iluminação, TV, computador, ar-condicionado e todo tipo de equipamentos eletrônicos que adequarão o ambiente às condições ideais de descanso, na hora do sono. - O livro está baseado também em estudos médicos. Já foi comprovado, por exemplo, que para descansar é preciso ter um ambiente sem luz ou ruído e com um aroma que te agrade. O quarto deve ser sinônimo de bom sono, que é sinônimo de saúde - explica a arquiteta.
Elisabeth afirma ainda que o avanço tecnológico vai permitir o barateamento de todo tipo de equipamento e com isso a automação vai se tornar uma realidade para um número maior de famílias. Mas como isso vai se refletir na decoração dos ambientes? Quando o espaço é amplo o suficiente, as camas desgrudam das paredes. Principalmente, no caso dos quartos de casais. Atrás delas, as áreas de trabalho (exatamente para evitar o contato com esses pontos de luz na hora de dormir) e na frente, os armários. Sim, porque os closets, segundo Elisabeth, também tendem a desaparecer. Na verdade, serão substituídos por armários feitos em módulos, que deslizam inteiros - permitindo que a pessoa ande entre eles - mas, ao mesmo tempo, ocupam um espaço menor que o dos closets. Um projeto assim já foi feito pelo italiano Enzo Berti.
Para quartos menores, a solução será usar móveis que possam ser camuflados ou que se transformem, admitindo várias funções. Mesinhas para laptop que funcionam também para leitura ou cabeceira, por exemplo. Soluções que serão muito comuns também nos quartos dos mais jovens. - O quarto vira uma sala. Um ambiente de múltiplo uso, onde de dia eles podem receber os amigos e ficar à vontade. A roupa de cama fica ali, dobradinha, ou em cabideiros específicos, à vista mesmo. E, à noite, o sofá se transforma em cama - descreve Elisabeth, para quem haverá uma simplificação até mesmo no tipo de roupa de cama usado. - Nós vamos usar mais os duvets com capas laváveis e abolir os lençóis de cobrir e colchas - sentencia.
Um ambiente parecido com esse foi apresentado pela arquiteta Shissa Kessin no evento Futura, em São Paulo, no ano passado: com portas inspiradas no metrô, um grande sofá no lugar da cama e rack. A área de estudo também sofrerá modificações. Saem as bancadas e entram racks administradores de aparelhagem. Como a tecnologia sem fio e por fibra ótica estará ainda mais avançada, haverá uma central no próprio móvel para comandar tudo. A televisão será o monitor do computador e toda a parte tecnológica será coordenada: som, música.
Mudanças conceituais vão atingir até os quartos dos muito pequenos. Para os bebês, a praticidade de móveis que "crescem" junto com a criança falará mais alto que a fofura de babados e tons pastéis. O estímulo às crianças também vai se fazer presente desde muito cedo. - O bebê hoje é fashion. E se desenvolve muito rapidamente. Com menos de um ano, meu neto já brinca no celular, faz aula de música e é informatizado - conta Elisabeth. - Nada de azul para meninos e rosa para meninas. Nem de um monte de almofadas cheias de babados que só servem para acumular poeira.
O quarto do bebê precisa ser saudável. Além de menos tecidos, esses ambientes também vão ganhar pisos de resina, vinílicos ou em fórmica, que evitam o acúmulo de poeira, e as paredes serão pintadas com tinta antimofo. De preferência, com cores estimulantes, como o amarelo, o fúcsia, o lima. E o preto deve sempre entrar como contraste, como na cadeira e na cômoda do quarto projetado pelos arquitetos Beto Galvez e Norea De Vitto. - São cores energizadoras que estimulam o cérebro do bebê. Em vez de pensar em como decorar os quartos, os pais podem, por exemplo, investir em luminárias que mudam de cor fazendo quase uma cromoterapia na criança - defende Elisabeth.
O livro "A casa de todos os tempos II - Quarto" é o segundo volume de uma série que começou falando da cozinha, em 2009, e deverá ter ainda outras três obras. A pesquisa para a próxima, sobre salas, já está sendo feita, e o livro deve ser lançado em 2014. Os outros volumes serão sobre banheiros e sobre varandas e jardins.
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