domingo, 30 de janeiro de 2011

Construção terá crescimento menor de vendas em 2011

Valor Econômico, 28/jan


Depois de multiplicarem por mais de cinco seus negócios desde 2006, é possível prever que as incorporadoras imobiliárias vão desacelerar o ritmo de alta dos lançamentos e vendas em 2011. Apesar disso, também é fácil garantir que elas ainda estão longe de botar o pé no freio.

PDG, Cyrela, MRV, Rossi, Brookfield, Even, CCDI e Inpar, que já divulgaram prévias operacionais do quarto trimestre, informaram lançamentos totais de R$ 27,6 bilhões em 2010, o que representa crescimento de 55% sobre 2009. Na comparação com 2006, quando as empresas foram para a bolsa e passaram a divulgar balanços, houve expansão de 456%. Naquele ano, os lançamentos somaram apenas R$ 4,9 bilhões. O aumento médio anual desde 2006 foi de 53%.

Em termos de vendas, o valor contratado por essas companhias atingiu R$ 25,8 bilhões no ano passado, total 47% maior na comparação com 2009 e 662% superior aos R$ 3,4 bilhões de 2006. A média anual de crescimento foi de 66% no período.

A continuidade do crescimento do mercado em 2011, segundo Rubens Menin, presidente da MRV, está calcada em três fundamentos básicos: aumento da renda do brasileiro, crédito imobiliário ainda muito baixo como proporção do PIB e forte demanda. "Toda a indústria vai crescer. Quando a economia está estável, a indústria acompanha", diz.

Ao falar da procura, Menin cita estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que estima que, por ano, 1,5 milhão de novas famílias formadas querem comprar imóveis, enquanto os lançamentos anuais equivalem a pouco mais de um terço disso. Isso sem falar na demanda reprimida, já que durante mais de 20 anos a oferta de financiamento para casa própria foi restrita.

Menin informou que a projeção de vendas da MRV deve ser divulgada em breve. Sem revelar números antecipadamente, e depois do crescimento de 33% verificado no ano passado, para R$ 3,75 bilhões, o executivo sinalizou apenas que o mercado não conseguirá manter a velocidade de crescimento dos últimos anos.

Para o primeiro trimestre, a companhia já informou que o ritmo de lançamentos ficará perto de R$ 2 bilhões, número próximo do total de R$ 1,85 bilhão dos últimos três meses de 2010.

No caso da Cyrela, que já apresentou as projeções para 2011, nota-se que o intervalo de crescimento para os lançamentos fica entre 10% e 20% sobre 2010, enquanto no ano passado a expansão foi de 33% (considerando a parcela da companhia). Em termos de vendas, a faixa de crescimento esperada é maior, de 22% a 35%, especialmente porque 60% dos lançamentos do ano passado foram feitos no quarto trimestre, o que ampliou o estoque.

Segundo o diretor financeiro da Cyrela, Luis Largman, a concentração de lançamentos nos últimos três meses não foi planejada e decorreu principalmente de atrasos em autorizações na capital paulista. "Atrasou um pouquinho, mas já está tudo resolvido", afirmou ele, ressaltando o bom volume de vendas alcançado no quarto trimestre, quando a empresa vendeu 55% do total lançado no período.

Ao comentar a desaceleração prevista nos lançamentos neste ano, Largman não quis dizer se isso é uma tendência. "Quanto maior a base, na margem você cresce um pouco menos. Mas o número da projeção divulgada é o que melhor reflete a foto da companhia para o futuro. Não dá para saber se será sempre assim", disse o executivo.

Ao anunciar a meta de crescimento de lançamentos de 10% a 20% para 2011, depois de ter elevado esse volume em 152% em 2010, o diretor superintendente da CCDI, Francisco Sciarotta Neto, ressaltou que a base de comparação cresceu muito e não dá para ter o mesmo nível agora. A prioridade neste ano, segundo ele, será a melhora de margens.

Esse ganho, entretanto, não deve ser garantido por aumentos de preços, como ocorreu nos últimos anos. De acordo com Largman, da Cyrela, nos segmentos de classe média alta e luxo, o preço do metro quadrado deve apenas acompanhar a inflação, embora haja espaço para altas maiores nos apartamentos voltados para classe média e popular.

Já Rubens Menin, da MRV, prevê que os imóveis para baixa renda vão apenas acompanhar a inflação. "Esse segmento é mais limitado por renda. Os preços sobem naturalmente com o custo da construção. Não gostaria que explodisse (como em outras faixas)", afirma o executivo, destacando ainda que os terrenos têm peso pequeno no custo total.

Para sustentar as margens acima da média do mercado, diz ele, a companhia está expandindo o número médio de unidades por empreendimento, com elevação das cerca de 300 atuais para um intervalo de 400 a 500.

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