terça-feira, 3 de abril de 2012

Fusões mudam a cara da bolsa

Quem comprou ações da Abyara em sua estreia na bolsa em julho de 2006, três anos depois passou a ser acionista não só da companhia, mas também de Klabin Segall e Agra, que se uniram na Agre Empreendimentos Imobiliários. Passados oito meses, esse mesmo investidor se tornou sócio da PDG depois que a empresa comprou a Agre.

Por conta de operações como essas, de uma lista de 147 empresas que, de 2004 a 2011, chegaram à bolsa, 57, ou 39% delas, não existem mais atualmente na forma original. Basicamente, elas se engajaram em algum tipo de atividade de consolidação: lideraram ou foram alvos de operações de fusões e aquisições.
A conclusão é de levantamento feito pelo banco Credit Suisse, que inclui também companhias que não fizeram exatamente uma abertura de capital, como Rossi Residencial, Cyrela e Drogasil, mas que tinham quantidade pequena de ações em circulação e falta de avaliação adequada.

“Tecnicamente essas companhias não fizeram ofertas iniciais de ações. Mas nós consideramos nesse levantamento qualquer empresa que fez nesse período uma oferta que [estabeleceu] uma nova faixa de preço”, diz José Olympio Pereira, corresponsável pelo banco de investimento Credit Suisse no Brasil.

“As aberturas de capital ensejaram uma grande atividade de fusões e aquisições no país, uma vez que quase 40% das novatas participaram dessas operações”, diz. O executivo comenta que essas companhias, além de usarem a bolsa para captar recursos e crescer via aquisições, puderam usar suas ações como moeda.

“Quando Bovespa e BM&F se uniram, fizeram via troca de ações. O mesmo ocorreu quando a PDG ficou com a Agre.”

As 147 operações movimentaram R$ 128,3 bilhões. Isolando as 57 empresas que passaram por transformações significativas, que incluem também compras de empresas fechadas, 36 (63%) comandaram aquisições e se mantiveram abertas; 17 (30%) foram adquiridas e continuaram na bolsa, e apenas quatro foram compradas e deslistadas.

A maior fatia desses recursos foi captada pelo setor financeiro, com R$ 34,5 bilhões (27%) em 19 transações – aqui estão ofertas grandes, como Santander (R$ 13,2 bilhões) e Visanet (R$ 8,4 bilhões).

O segundo maior volume foi para o segmento imobiliário, com R$ 14,4 milhões, mas esse foi o líder em número de operações – 26 ou 18% do total. Foram essas companhias que concentraram também o maior número de fusões e aquisições, 11.

“Era de se esperar que o setor que lançou mais empresas fosse também aquele que reunisse o maior número de transações”, diz Olympio Pereira, reforçando que, com as ofertas, o segmento imobiliário ganhou peso significativo na bolsa brasileira.

A chegada de 90 companhias correspondeu à inauguração de 21 novos setores na bolsa, incluindo o imobiliário. Depois dele, os mais numerosos foram: saúde, com oito representantes, que captaram R$ 11 bilhões; shopping e agronegócios, com seis empresas cada um; tecnologia e educação, com cinco cada um.

No setor de construção, Rossi, Gafisa, Brascan, Lopes, PDG, Brasil Brokers se destacaram na ponta compradora. O segmento conta ainda com uma companhia que, espontaneamente quer fechar capital, a Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI). Da amostra de 147 empresas utilizada pelo Credit, além de CCDI, a UOL fechou o capital e a Redecard está com oferta em andamento. “Apenas 3 empresas, ou 2% do total, fizeram essa operação. Um número bastante pequeno”, diz Olympio Pereira.

Fonte: Valor Econômico

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