sábado, 12 de fevereiro de 2011

Governo quer criar índice de preço para imóveis

VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM
DE BRASÍLIA

Preocupada com a valorização dos imóveis nos últimos anos, o que pode se transformar numa bolha imobiliária, a presidente Dilma Rousseff decidiu acelerar a criação de um indicador de preços oficial para o setor.

Para isso, segundo assessores, ela assinará um decreto criando uma parceria entre a Caixa Econômica Federal e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para testar e montar o modelo final do Índice de Preços de Imóveis.


O índice deverá medir a evolução do valor de casas e apartamentos em todas as capitais. Inicialmente, os testes serão feitos em, no máximo, cinco cidades. Participam do projeto o Ministério da Fazenda e o Banco Central, que lançou a ideia.

O índice poderá ter usos diversos e enfrenta resistências dentro do próprio governo. Será um indicador de exposição ao risco dos bancos, que financiam os negócios nessa área, e também de renda gerada na economia.

Um problema destacado por parte dos técnicos do governo é que o índice pode acabar se tornando também um indexador do setor, sendo usado por donos de imóveis para reajustar os preços.

Há também a dificuldade em definir o modelo de índice que mais se ajusta à realidade brasileira. Ao contrário de outros setores, o imobiliário tem características específicas e o estoque de imóveis no país é diversificado.

A formação do índice pressupõe ser possível comparar o preço de um mesmo imóvel em vários momentos diferentes. No caso de casas, apartamentos, lojas e demais construções, comerciais ou residenciais, há uma série de fatores que precisam ser considerados no valor final.

Editoria de Arte/Folhapress


Estudo feito pelo IBGE, em dezembro de 2010, aponta, entre os problemas, o fato de que, mesmo acompanhando uma residência determinada, não há garantia de que a qualidade foi mantida.

A depreciação do imóvel, que pode não ter passado por manutenção, afeta o preço. Da mesma forma como melhorias valorizam o bem.

Por isso, o governo trabalha com, pelo menos, quatro métodos distintos já usados em países como EUA, Nova Zelândia, Austrália e Espanha para encontrar o que melhor se aplica ao Brasil.

A Caixa e o IBGE já criaram alguns modelos, que serão testados logo após a assinatura do decreto. O índice será um instrumento de trabalho para os agentes imobiliários, como a Caixa. Por meio dele, técnicos da CEF avaliam que será mais seguro e fácil analisar a concessão de créditos para financiamento de aquisição de imóveis no país.

PESQUISAS

Atualmente, a Caixa já faz pesquisas de mapeamento de preços de imóveis, mas setorizadas, focadas em regiões de cidades em que financia crédito imobiliário.

Para montar um índice nacional e que cubra toda a região das capitais, a decisão do governo foi unir a experiência no setor da Caixa e a do IBGE na coleta de dados.

Assessores da equipe econômica defendem a ideia com o argumento de que, depois da recente crise, todos os países estão buscando monitorar os preços no setor imobiliário. Quanto ao risco de se tornar um indexador, argumenta-se que é preciso criar um controle sobre os preços no setor, como já existe com outros produtos.

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