Brasil Econômico, Ana Paula Ribeiro, 23/fev
Instituição pública, que já era líder do segmento, aumentou participação no financiamento no ano passado
O aprimoramento dos processos internos e a redução dos prazos para a liberação dos recursos são as armas das instituições privadas para tentar tirar mercado da Caixa Econômica Federal no financiamento imobiliário. Em 2010, o banco público elevou para 76,05% a sua fatia no crédito imobiliário, ante 74,9% do ano anterior.
Esse crédito possui margens financeiras inferiores ao de outras modalidades. No entanto, é interessante aos bancos porque possibilita a fidelização do cliente durante o prazo do contrato, que pode chegar a 30 anos. O mutuário, além do financiamento para compra do imóvel, tende a adquirir outros produtos e serviços, como seguro residencial e crédito pessoal.
Além da importância comercial, o presidente da Associação Brasileira das Entidades de CrédiPronto! Imobiliário e Poupança (Abecip), Luiz França, lembra que uma maior pulverização nessa modalidade de financiamento é importante para o desenvolvimento do setor. "Um mercado irrigado e com grande número de agentes é bom para a população, Todo mundo está trabalhando para elevar a participação", diz.
Elevar essa participação significa ser mais agressivo nas concessões das linhas de crédito com recursos da caderneta de poupança, principal fonte de financiamento do setor e que possibilita margens maiores. A outra fonte é o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), mas esses recursos são limitados às famílias com renda de até R$ 4,9 mil mensais, valor abaixo do que alguns bancos querem atingir.
Objetivos
O Banco do Brasil é novato neste mercado, entrou em 2008, e espera estar entre os três principais fomentadores do crédito imobiliário até 2014. Neste ano, o objetivo é dobrar a carteira de financiamento para a compra da casa própria para R$ 6,8 bilhões. Para conseguir isso, o banco aposta nas parcerias com grandes construtoras.
O vice-presidente da instituição, Paulo Rogério Caffarelli, explica que o mercado em geral possui 60% da carteira destinada a pessoa física e 40% para construtoras. "Hoje temos só 15% de pessoas jurídicas, mas achamos que o ideal é chegar a 60%", diz.
Além de parcerias com grandes construtoras, os bancos também tentam se aproximar dos clientes ainda no momento da procura pelo imóvel. Foi essa razão que motivou o Itaú a fechar parceria com a Lopes e criar a CrediPronto!. Em outubro do ano passado, o HSBC fechou acordo com a empresa de intermediação imobiliária Brasil Brokers.
Outro passo é dar maior agilidade à liberação de recursos. Para isso, a CrediPronto!, por exemplo, implementa um processo de digitalização de documentos. Hoje, o consultor, mesmo que fora de São Paulo, precisa enviar a documentação do pretendente ao crédito para a área de análise, o que pode demorar alguns dias. Esse processo , será feito de forma digital. A implementação será gradual, a partir do interior paulista. "A velocidade na liberação do financiamento é importante porque nosso cliente enxerga isso como um atendimento diferenciado", diz Bruno Gama, diretor da CrediPronto!.
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