terça-feira, 1 de março de 2011

Portabilidade de crédito permite mudar dívida de banco

DE SÃO PAULO

Se arrependeu das taxas e das condições contratadas com o banco? Talvez seja o caso de procurar uma outra instituição financeira, já que se trata de uma parceria de longuíssimo prazo.

A chamada portabilidade de crédito, que permite a um devedor levar seu débito para outro banco que oferecer melhores condições, existe desde 2006, mas ainda é incomum no financiamento imobiliário.

Verdadeiro terror dos bancos americanos e europeus, a portabilidade foi criada pelo Banco Central para estimular a concorrência também no Brasil.

Pela portabilidade, o devedor faz uma operação em que empresta dinheiro de um banco para terminar o relacionamento com outro.

A operação não tem custos tributários nem tarifa para transferência. Cobranças de multas também não são permitidas.

O principal entrave no financiamento imobiliário é a necessidade de o credor cobrir novamente os custos cartoriais, pois o imóvel dado em garantia ao primeiro banco terá que passar para a nova instituição.


Os bancos se mostram pouco dispostos a iniciar uma briga por clientes.

Para Raphael Rottgen, da consultoria Sagace, se os juros caírem mais no Brasil, como projetam os economistas, a portabilidade ganhará força porque o consumidor vai querer se beneficiar com taxas melhores.

A dificuldade de migrar o crédito hoje torna ainda mais importante pesquisar as melhores taxas e condições antes de fechar o contrato, destaca Ione Amorim, economista do Idec.

"Depois de assinado o contrato, fica muito difícil trocar", afirma.

FIDELIZAÇÃO

O bancos começam a enxergar no crédito imobiliário, negócio de margem reduzida de ganho, uma oportunidade de fidelizar o cliente e vender produtos de maior retorno, como planos de previdência, seguros e investimentos.

"Vemos o crédito imobiliário como um canal estratégico para desenvolver o relacionamento com o cliente. É um casamento de longo prazo", disse Nerian Gussoni, superintendente de crédito imobiliário do Santander.

Nos EUA, os bancos caçam os futuros clientes nas universidades, subsidiando o crédito estudantil.

A segunda chance de conquistar o cliente é quando ele compra um imóvel, pelo qual pagará prestações por até 30 anos, perto da aposentadoria.

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