Metro quadrado da Zona Sul supera regiões privilegiadas de Miami e Mônaco, são compatíveis com Nova York, mas ficam atrás de Paris
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RIO - A beleza natural, a riqueza histórica e a falta de espaço fazem da Zona Sul do Rio a região que mais se valoriza hoje no mercado imobiliário brasileiro. O que modifica sua cotação também no cenário internacional. Segundo especialistas no setor, o preço do metro quadrado dos imóveis de alto padrão nas orlas do Leblon e de Ipanema pode chegar a mais de R$ 50 mil: o dobro do valor, quando comparado às regiões cobiçadas de Miami e 30% mais alto do que os cobrados no Principado de Mônaco. Em relação a Nova York, os preços são compatíveis. No caso de Paris, a capital fluminense continua valendo menos.
- Na orla do Rio, você não encontra mais imóveis de 200 a 300 metros quadrados por menos de R$ 7 milhões. No Leblon, já foi vendido apartamento com vista para o mar por R$ 32 milhões - lembra a diretora comercial da Concal, Bianca Carvalho, acrescentando que os preços estão surpreendendo os estrangeiros. - Inclusive os alemães, que atualmente são clientes em potencial.
A área mais valorizada da Zona Sul para os que preferem morar em casa é o Jardim Pernambuco, no Leblon. Devido às limitações de espaço no bairro, os lotes desse empreendimento nem são tão grandes, comportando residências com até 500 metros quadrados de área construída. Além da localização, o fato de se tratar de um condomínio fechado, com forte segurança, justifica que as pessoas paguem, de acordo com Bianca, ao menos R$ 10 milhões para morar ali. Mas o valor pode atingir até R$ 26 milhões.
EUA
Em relação a Nova York, os preços dos imóveis no Rio estão ficando compatíveis. Em Tribeca, bairro no centro de Manhattan, o preço do metro quadrado varia entre US$ 15 mil e US$ 30 mil, segundo pesquisa feita pela diretora da Concal. Um apartamento no 40º andar do Condomínio Sheffield, por exemplo, com vista para o Central Park e o Rio Hudson, incluindo três dormitórios, três banheiros e armários, além de portas e persianas motorizadas com 110 metros quadrados, está sendo ofertado por US$ 3,35 milhões (o equivalente a R$ 6,2 milhões, com o dólar cotado a R$ 1,85). Com isso, o metro quadrado chega aos R$ 55 mil (na moeda americana, US$ 29,7 mil).
Já em uma das regiões mais cobiçadas de Miami, Sunny Isles Beach, um apartamento de 220 metros quadrados, num edifício construído em 1993, com três dormitórios, três banheiros, ampla sala e vista para o mar, está saindo por US$ 1,1 milhão (quase R$ 2 milhões). Ou seja, o metro quadrado custa cerca de R$ 9 mil. Enquanto isso, numa rua interna do Leblon, próxima à praia, há oferta de um apartamento de 165 metros quadrados, com quatro quartos e uma suíte, por R$ 3,5 milhões. O preço do metro quadrado, neste caso, está saindo a R$ 21 mil, ou seja, mais do que o dobro do que o apê com vista mar de Miami.
O corretor Marcos Solberg, que atua no mercado de Miami, afirma que 20% dos apartamentos em Sunny Isles custam acima de US$ 1 milhão (R$ 1,85 milhões), com cerca de 250 metros quadrados e três ou quatro quartos. Os que chegam a US$ 4 milhões (R$ 7,4 milhões) correspondem a, apenas, 5% do total de ofertas.
- O brasileiro perdeu a noção de preço e ainda questiona se há bolha no mercado. É claro que há - acredita o corretor, que trabalha no mercado de Miami há 20 anos.
Entre julho de 2010 e junho deste ano, os brasileiros gastaram US$ 1 bilhão na compra de imóveis na Flórida, de acordo com a Associação Nacional dos Corretores de Imóveis dos EUA. O volume de recursos foi o mesmo dos 12 meses anteriores, mas envolveu un número muito maior de aquisições, por causa da queda dos preços dos imóveis nos Estados Unidos no último ano. O volume de transações cresceu 30% no período, passando de 5,7 mil contratos de compra para 7,4 mil. A fatia dos brasileiros nas vendas também aumentou e chegou a 8% do total de vendas de imóveis para estrangeiros no estado, ante 3% nos 12 meses anteriores.
Europa
Numa viagem recente que fez à cidade de Mônaco, Bianca Carvalho observou que os imóveis situados em regiões privilegiadas, com vista para o mar Mediterrâneo e com características semelhantes a de um apartamento no Rio, podem custar 30% a menos. Já em Maiorca, na Espanha, a diretora encontrou grandes propriedades, com vinhedo e vista para o Mediterrâneo por menos da metade do preço dos apartamentos nas orlas do Leblon e de Ipanema:
- Cheguei a encontrar um castelo por € 5 milhões de euros (R$ 12 milhões), preço inferior ao de uma cobertura na orla, que ultrapassa os R$ 20 milhões.
Saindo de Mônaco e chegando a Paris, os preços dos imóveis disparam e superam os do Rio. Um apartamento de quarto e sala, com 69 metros quadrados, em prédio do século XVII e situado numa rua privilegiada da cidade, a Visconti, custa € 1,980 milhões de euros (R$ 4,751 milhões). Assim, o metro quadrado do imóvel fica, na moeda brasileira, por R$ 68,8 mil.
- A riqueza histórica e arquitetônica de Paris já tornam mais caros os preços dos imóveis. O metro quadrado chega a custar US$ 54 mil (quase R$ 100 mil). São propriedades entre 140 e 250 metros quadrados que ficam próximos ao Arco do Triunfo, parte mais central - afirma o proprietário da imobiliária Coelho da Fonseca, Luís Carlos Bulhões de Carvalho, que atua no mercado internacional.
Na avaliação de Bulhões, o crescimento vertiginoso dos preços no Rio, que chegou a 150% de valorização em dois anos, coloca a cidade no mesmo patamar das outras, o que, para ele, era necessário.
- O mercado estava maluco e cresceu numa progressão que deixou muita gente enlouquecida. Mas o Rio precisava desta valorização, pois estava com os preços muito descolados dos praticados em outras áreas cobiçadas do exterior. Nós somos a bola da vez, devido não apenas a toda riqueza natural e histórica da cidade, como também aos Jogos Olímpicos que estão por vir. Agora, os preços tendem a sofrer os reajustes normais. A tendência é de estabilização - garante Carvalho.
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fonte:O Globo
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