segunda-feira, 9 de maio de 2011

Superando gargalos

Folha de São Paulo, Janela, 01/mai


Na semana passada, um importante jornal paulista publicou reportagem sobre os gargalos enfrentados pela construção imobiliária, com uma manchete inusitada: "Construtora atrasa obra e eleva custo do imóvel em SP". Uma leitura apressada pode dar a impressão de que determinada empresa ou um grupo delas propositalmente estaria deixando de cumprir prazos de entrega.

É fato que diversas construtoras enfrentaram problemas para manter seus cronogramas em dia. Mas nenhuma empresa está retardando de propósito os prazos contratados. Atrasos não interessam às construtoras porque elas sofrem os maiores prejuízos financeiros e desgastes.

Hoje, o número de obras com dificuldades no cumprimento do cronograma é reduzido e tende a diminuir. Os problemas residem nos gargalos já conhecidos. Um dos principais é a complexidade existente de maneira geral na obtenção dos licenciamentos dos órgãos públicos, muitos dos quais também vêm sofrendo em face do aumento dos pedidos de aprovação dos projetos de edificação.

Outro gargalo é a escassez de mão de obra. Hoje, a indústria da construção vivencia uma situação de pleno emprego.

Soluções para estes problemas estão sendo equacionadas. Órgãos públicos se aparelharam para atender rapidamente o novo patamar de um número maior de lançamentos imobiliários. Empresas treinam trabalhadores nos próprios canteiros. Aumenta o número de vagas nos cursos de formação nas profissões técnicas da construção, oferecidas pelo Senai e pelos convênios celebrados por entidades diversas com o Ministério do Trabalho.

Neste sentido, é auspiciosa a iniciativa do governo federal de lançar o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico, para capacitar 3,5 milhões de trabalhadores até 2014, dos quais 500 mil ainda em 2011.

Uma vez que gargalos desta envergadura não se resolvem da noite para o dia, as construtoras, numa atitude responsável, têm se comprometido com prazos de entrega um pouco mais dilatados ao lançarem novos empreendimentos. Trata-se de situação transitória, que certamente será alterada assim que os gargalos forem superados.

Para que essa dilatação não se reflita nos custos, as construtoras buscam elevar a produtividade por conta de inovações tecnológicas em processos construtivos. E contam com a concorrência na indústria de insumos de construção para obter produtos acessíveis e de qualidade. Por isso, toda a cadeia produtiva requer incentivos para investir em tecnologia.

A tecnologia será ainda mais acessível se o governo desonerar a folha de salários. No projeto de lei em preparação, espe­ra-se que a compensação para evitar uma queda de arrecadação do INSS não penalize aquelas empresas que empregam mais por terem faturamento maior.

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