quinta-feira, 21 de abril de 2011

Próximas tarefas

Folha de São Paulo, Janela, 03/abr


Os dados da economia brasileira do primeiro trimestre e as novas previsões do Banco Central para o crescimento do PIB e o comportamento da inflação neste ano mostram que ninguém pode nem deve "jogar a toalha" diante das pressões sobre os custos da produção.

A alta das commodities e o aumento do emprego e da renda são uma realidade, e espera-se que deem resultado as medidas macroprudenciais para controlar a inflação, como o corte do Orçamento da União, a contenção do crédito e a taxação dos investimentos externos. Assim, o mais amargo de todos os remédios, a alta dos juros já elevados, tenderá a voltar à prateleira.

Mas outros fatores poderão impactar o crescimento econômico. Ainda não se tem ao certo toda a dimensão das consequências da catástrofe do Japão sobre sua economia e a do mundo. Mesmo que aquele país substitua por outras alternativas a energia dos quatro reatores nucleares de Fukushima que serão desativados, e restabeleça sua produção e sua infraestrutura, não se sabe quanto tempo esse processo vai demandar.

Ao mesmo tempo, a crise nos países árabes que elevou o preço do petróleo, junto com a persistência da alta das commodities, tem reflexos para todos os países, especialmente os desenvolvidos que já contavam neste ano com uma recuperação razoável.

Neste cenário encontra-se o Brasil, agora com perspectivas de um crescimento menor e uma inflação maior em 2011, que não será contida apenas com medidas no âmbito financeiro.

É preciso criar instrumentos para concretizar o que a presidente Dilma colocou como uma prioridade: o aumento da oferta para o atendimento da demanda. Desonerar os investimentos será indispensável para financiar o aumento da produção e da produtividade.

Também será preciso agilizar, na União, nos Estados e nos Municípios, os prometidos programas de formação e qualificação de mão de obra. A indústria da construção é um dos setores que já vive uma situação de pleno emprego e necessita urgentemente continuar contratando pessoal qualificado, para assegurar a expansão das obras privadas, do Programa Minha Casa, Minha Vida e do PAC, bem como as obras esportivas de expansão da infraestrutura para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Neste quadro, o abastecimento dos insumos da construção dentro dos orçamentos definidos precisa estar assegurado. Para tanto, a importação tem sido importante, devendo ser utilizada para frear os aumentos de preços internos, incentivados, entre outros fatores, por elevações das alíquotas de importação.

Não se pode perder de vista que o setor da construção continue desempenhando o papel de impulsionador do crescimento econômico. Nos últimos 5 anos, o PIB da construção cresceu 31,95% "puxando" o PIB nacional que no pe­ríodo se elevou em 23,87%. Continuemos assim.

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