O Estado de S.Paulo
A demanda dos imigrantes brasileiros por melhor qualidade de vida no Japão fez expandir o mercado de imobiliárias e construtoras de olho no potencial de compra dos estrangeiros. Os próprios imigrantes criaram empresas com o propósito de atender aos conterrâneos.
João Batista Roberto Júnior, 49 anos, mora no Japão desde 97 e justamente no auge da crise, dois anos atrás, passou a intermediar negócios entre construtoras e imigrantes brasileiros nas regiões de Mie, Shiga e Gifu. Em um ano, a imobiliária dele formalizou cerca de 30 contratos para construção de imóveis novos e venda de casas usadas a clientes brasileiros.
"O mercado imobiliário voltado aos imigrantes brasileiros está aquecido, porque quem tinha de voltar ao Brasil já se foi, e quem ficou é porque realmente sabe o que quer, pretende morar aqui bem mais tempo", observa. Segundo ele, mudou o perfil dos brasileiros que buscam o crédito imobiliário: antes, os consumidores queriam imóveis mais espaçosos, com acabamento de primeira, e não se importavam em assumir dívida de até R$ 700 mil para quitar em 35 anos.
Atualmente, segundo João Roberto, a procura é por casas de no máximo R$ 300 mil. Ele observa que, ao realizar os trâmites junto aos bancos e construtoras, procura orientar as famílias sobre o tamanho da responsabilidade que é assumir uma dívida por décadas.
O japonês Hiroshi Nakagawa, 61 anos, também trabalha no setor imobiliário voltado ao mercado estrangeiro na cidade de Kani, Estado de Gifu, e revela menos otimismo quando se trata de venda de imóveis. "Mesmo os brasileiros radicados no Japão, que chamamos de imigrantes, ainda estão receosos sobre como vai ficar a situação econômica do país e, por isso, preferem continuar pagando aluguel a comprar casa própria", afirma.
Dono da imobiliária Meigui, Project, Hiroshi Nakagawa revela que nos últimos anos vendeu cerca de 80 casas a brasileiros apenas nas regiões de Aichi e Gifu. E garante que não tem registro de nenhum caso de devolução de imóvel.
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