O Estado de S.Paulo
As atividades econômicas precisam respeitar um dado ritmo de crescimento. É uma regra que se aplica perfeitamente ao bo0m imobiliário, que está para enfrentar grandes dificuldades nos próximos meses.
O setor deslanchou no ano passado em ritmo acelerado. Podia-se temer que expansão tão rápida do crédito imobiliário logo desaguaria em crescimento da insolvência. Isso não aconteceu, pois a forte aceleração de toda a economia permitiu aumentar a folha salarial, e os compradores deram prioridade ao pagamento das suas prestações.
As dificuldades são de outra ordem: há, atualmente, uma forte elevação do preço dos imóveis, por causa do aumento dos preços do material de construção em razão da alta demanda, que nem as importações conseguem acompanhar. E, em regiões como a da capital de São Paulo, escasseiam os terrenos, esgotadas as reservas das construtoras. Isso poderia ser parcialmente corrigido por maior verticalização, que a legislação municipal não favorece.
A forte recuperação da economia aumenta o nível de emprego e diminui os movimentos migratórios que permitiam dispor de mais mão de obra não qualificada na construção. Isso se está traduzindo por uma falta de mão de obra no setor em todos os níveis, desde os menos exigentes tecnicamente até os engenheiros. O fenômeno resulta, de um lado, em aumento de custos pela alta dos salários e, de outro, em atrasos para o início das obras, possibilitando às construtoras aproveitar os pagamentos realizados pelos mutuários.
Trata-se de um problema que pode ser resolvido pela formação de novos contingentes de operários, mas levando em conta que as técnicas atuais exigem trabalhadores cada vez mais qualificados, o que significa que o custo da mão de obra continuará a se elevar mais do que no passado.
Mas, certamente, o maior obstáculo que o setor e o governo enfrentarão será manter o volume de crédito imobiliário em face do esgotamento dos recursos baratos para sustentá-lo. Hoje, a maior fonte de recursos do crédito imobiliário ainda são as cadernetas de poupança, cuja remuneração é de 6% ao ano mais TR, e que financiam quase 70% dos imóveis vendidos. O crescimento do saldo das cadernetas é muito inferior ao dos empréstimos. Esses recursos - os mais baratos do mercado - estão chegando ao fim e o dilema do governo será melhorar a remuneração das cadernetas ou oferecer estímulos fiscais a novo tipo de papéis, o que até agora o governo não admitiu.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao fazer comentário clique na opção conta do google ou anônimo para realizar o comentário