(fonte: Valor Econômico – 05/11)
A Cyrela prepara uma nova plataforma para atuar na baixa renda, que contaria com um aporte bilionário de um novo sócio. Segundo o Valor apurou, a construtora pretende criar uma empresa que resultará da união de Living (divisão de baixa renda da Cyrela), Cury e Plano & Plano – ambas já sócias da empresa. A construtora tem negociado com investidores em busca de recursos. O objetivo é captar cerca de R$ 1 bilhão e entregar aos sócios uma participação entre 20% e 30% da nova companhia.
O banco de investimento Goldman Sachs foi contratado para executar ao menos uma parte da operação. A Temasek Holdings, empresa de investimentos controlada pelo governo de Cingapura, está entre os investidores que já estiveram em negociações com a empresa. As conversas esfriaram, mas há quem ainda aposte em uma retomada. Em julho, o fundo anunciou interesse em aumentar sua exposição no Brasil. Entre os investimentos da Temasek no Brasil, estão a BR Properties – empresa do setor imobiliário – P2 Brasil (fundo de infraestrutura recém criado) e GP Investimentos. O seu último negócio no país, anunciado em outubro, foi a compra de 14,3% da Odebrecht Óleo e Gás (OOG) por US$ 400 milhões.
Procurada, a Cyrela não se posicionou em função do período de silêncio que antecede a divulgação de resultados.
O candidato mais cotado para ocupar a presidência da nova empresa é Fabio Cury, sócio da Cury. A construtora, com forte tradição na baixa renda, foi fundada há 48 anos pelo seu pai, já falecido, e fechou a joint venture com a Cyrela, que possui 50% da companhia, em julho de 2007.
Fundada em 1997, a Plano &Plano, vendeu o controle à Cyrela em abril de 2006. Têm empreendimentos conjuntos em Natal, Guarulhos e Carrão, alguns deles dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida. Em maio de 2009, dois anos e meio depois de sua criação como marca, a Living ganhou estrutura independente dentro da Cyrela, com sede, equipe e até uma construtora própria. A Living atua no Minha Casa, Minha Vida, mas chega também na faixa logo acima, de empreendimentos até R$ 230 mil.
Entre as três, a Cury é a empresa com maior tradição na construção popular. Nasceu com esse viés, ganhou experiência em programas como a antiga Cohab, e os recentes CDHU e plano PAR (Plano de Arrendamento Residencial), da Caixa Econômica Federal, e nunca atuou em outro segmento. É muito forte nos bairros da Zona Leste de São Paulo e em Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes e Suzano. É a única que entrou no segmento de zero a três salários mínimos.
Desde a compra da Agre pela PDG Realty, em maio, que garantiu à companhia a liderança do setor, a Cyrela começou a se movimentar. A empresa teria se incomodado em ter perdido o pódio do setor e passou a estudar possibilidades de ganhar fôlego. Além da criação da nova empresa de baixa renda, fala-se no mercado que estaria interessada em adquirir uma outra empresa. Chegou a ter conversas com a Tecnisa, segundo o Valor apurou, e com a Inpar, as negociações pararam pouco antes do início de um processo de diligência. Outro nome que surgiu no mercado foi o da CCDI (Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário).
O desempenho operacional da Cyrela no terceiro trimestre ficou abaixo das expectativas do mercado. De janeiro a setembro, os lançamentos da Cyrela (considerando os parceiros) somaram R$ 3 bilhões. O ponto médio da projeção de lançamentos da companhia e parceiros para 2010 é de R$ 7,3 bilhões. Isso significa que precisam lançar no último trimestre mais do que lançaram o ano todo. A prévia de outubro, no entanto, mostra que a companhia está avançando.
A participação de Living caiu tanto nos lançamentos, quanto nas vendas do terceiro trimestre. A queda foi de 27,7% e de 39,6% , respectivamente, em relação ao mesmo período de 2009. De janeiro a setembro, Living representou 37,5% do VGV lançado e 31,1% das vendas. O objetivo da companhia é que Living represente 50% dos negócios em 2012.
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