Só no primeiro semestre, alta dos preços acumulada é de 7,9%.
Perspectiva é que valores fiquem até 1,5 ponto percentual acima do IPCA.
Anay Cury
Do G1, em São Paulo
A alta dos preços dos imóveis em São Paulo seguirá acima da inflação nos próximos anos. A previsão do Sindicato das Empresas de Compra, Locação e Administração de Imóveis Comerciais de São Paulo (Secovi-SP) é a de que o aumento supere em até 1,5 ponto percentual o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do governo.
Ainda tem espaço para o preço continuar subindo"João Crestana, presidente do Secovi-SPDe janeiro de 2005 a junho deste ano, a variação acumulada do preço do metro quadrado de área útil de imóveis residenciais em São Paulo foi de 37,4%. Já o IPCA ficou em 29,7% no mesmo período. Só neste ano, até junho, o aumento foi de 7,9%. No mesmo período, a inflação acumulou alta de 3,1%.
"Ainda tem espaço para o preço continuar subindo. Há aumento da demanda por imóvel em decorrência do próprio crescimento da oferta e de crédito no mercado. Isso foi e tem sido um incentivo para o preço", disse o presidente do sindicato, João Crestana nesta quinta-feira (19).
A falta de terrenos na cidade de São Paulo e o aumento populacional, que faz a demanda ficar ainda mais aquecida, são alguns fatores responsáveis pela manutenção da esperada alta de preços, segundo Crestana.
"Mas é importante lembrar que as variações de preço não são generalizadas. Há situações em que a alta é maior em um bairro do que em outro, por motivos distintos. Não se pode generalizar", alertou o presidente do Secovi-SP.
Apesar de o preço dos imóveis ter registrado aumento superior à inflação do período nos últimos anos, o valor fica abaixo de outro índice de inflação. A variação acumulada do preço do metro quadrado de área útil de janeiro de 2005 a junho de 2010 foi de 37,4%, enquanto a do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) foi de 45,3% no mesmo período.
Velocidade de vendas
A velocidade de vendas dos imóveis aumentou no segundo semestre na comparação com os seis primeiros seis meses do ano passado. O VSO médio (Venda sobre Oferta) foi de 21,6% de janeiro a junho deste ano - resultado que não é bem visto pelo Secovi.
"É como se um prédio inteiro fosse vendido em cinco meses. Eu, como alguém que está no mercado, digo que é muito mais sustentável e saudável um VSO de 12% a 13%", disse João Crestana. No primeiro semestre de 2009, o VSO foi de 12,8%. Já no segundo, foi para 22,4%.
Especuladores
Apesar de os preços estarem subindo, o mercado imobiliário não tem lugar para os especuladores, segundo o presidente do sindicato. "Não é desejável para o mercado quem compra hoje querendo vender a um preço bem superior daqui a três meses. Não queremos especuladores", disse.