quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Com Agre, PDG assume liderança do segmento.

Valor Econômico, Daniela D'Ambrosio, 17/ago


Em seu primeiro balanço consolidado com Agre, a PDG Realty tirou a dúvida que ainda sobre a liderança do setor. Quando comparada à Cyrela - que, até a aquisição da Agre pela PDG era líder inconteste - a nova empresa assume a primeira posição do mercado imobiliário em praticamente todos os quesitos analisados: receita líquida, lucro, vendas, lançamentos e margens. O lucro líquido da PDG no segundo trimestre foi de R$ 221 milhões, um aumento de 179% sobre os números pró-forma das duas companhias no mesmo período de 2009. A Cyrela lucrou R$ 167 milhões de abril a junho.

A receita líquida da nova companhia foi de R$ 1,32 bilhão, 49% acima do segundo trimestre do ano passado. O lajida (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 372 milhões, com margem de 28%. A margem lajida da Cyrela foi de 18,5%.

A PDG, é fato, ficou maior em tamanho. Mas também aumentou consideravelmente a sua dívida -principal herança negativa de Agre. A dívida líquida da PDG, que, sozinha, era de R$ 697 milhões ao final do primeiro trimestre, subiu para R$ 2,59 bilhões. A relação dívida líquida sobre patrimônio líquido, que foi de 27% na PDG no primeiro trimestre, passou para 46% no balanço consolidado.

Os benefícios do ganho de escala são visíveis no balanço, mas a PDG Realty se apressou para renegociar e melhorar o perfil da dívida de Agre para não comprometer seus resultados por um prazo longo. O bom relacionamento com os bancos permitiu à companhia que concluísse o processo de renegociação do endividamento da Agre. A dívida de capital de giro da Agre foi reduzida de R$ 1,3 bilhão para R$ 1 bilhão e houve um alongamento do prazo médio de 29 meses para 48 meses. A parcela de dívida de capital de giro, que tinha um custo elevado (CDI mais 3%) foi alongada e substituída por linhas com custo médio na casa de CDI mais 2%, em linha com o custo pago pela PDG. "Fragmentamos a dívida em vários bancos, principalmente Itaú, Bradesco, HSBC e Banco do Brasil", explica Michel Wurman, diretor financeiro e de relações com investidores da PDG.

Com dificuldade de acesso ao crédito, a Agre tocava boa parte das obras com recursos próprios. A PDG contratou R$ 1 bilhão em novos contratos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), dívida mais barata e considerada "saudável" pelo setor, dos quais R$ 150 milhões liberados imediatamente. A PDG também está securitizando os recebíveis que a Agre tinha em carteira: foram cerca de R$ 300 milhões de operações de securitização de recebíveis com emissão prevista para agosto e setembro. "O efeito líquido da renegociação na despesa financeira será de R$ 10 milhões por trimestre, num total de R$ 40 milhões", diz Wurman.

Com a Agre - empresa que resultava da união de Agra, Abyara e Klabin Segall - a margem líquida de PDG, que vinha na casa dos 20%, caiu para 17% no segundo trimestre - abaixo da MRV, em linha com a Rossi e acima da Cyrela e Gafisa - para comparar com as grandes. "Não vamos voltar para os 20% ainda este ano, mas fechamos a renegociação das dívidas e estamos acelerando os ganhos de escala para voltar aos níveis anteriores", afirma Zeca Grabowsky, presidente da PDG Realty.

A PDG cortou perto de 15% da folha da Agre, cerca de 35 pessoas de salários mais altos e fechou escritórios do Rio e do Sul, em função da totalização da compra da LN, empresa com forte atuação no Paraná. A PDG, que já era dona de 80%, comprou 100% da LN.

A nova empresa teve aumento de 27,7% nas despesas de vendas e administrativas, que passaram para R$ 297,2 milhões de janeiro a junho deste ano. Quando se compara com a receita líquida, porém, há uma queda -a soma dos gastos totais sobre a receita líquida recuou de 14,7% para 11,8% no semestre.

O aumento do INCC - de 5,9% no ano - não afetou os resultados da companhia, mas o presidente da PDG reconhece que é um problema, sobretudo em São Paulo e no Rio. "Na média e alta renda, o mercado absorve aumento de preço e na baixa estamos usando métodos construtivos que reduzem custo, como os pré-moldados."