Defendida pelo BC, ferramenta é objeto de estudo por vários setores; abrangência do uso não está definida.
13/08/10, São Paulo, SP - Está evoluindo a formatação de um novo índice para acompanhar a valorização de imóveis, disse o diretor do Banco Itaú e presidente da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Luiz Antonio França. Foi breve a resposta do executivo à questão, formulada durante a coletiva de imprensa convocada pela Abecip, para apresentar os resultados das operações dos agentes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), no primeiro semestre de 2010 (R$ 23,8 bilhões, crescimento de 77% em relação ao igual período de 2009).
Sem aprofundar a resposta, França disse que formatar o indicador é tarefa complexa, exige tempo, mas “o trabalho está caminhando”. Sem adiantar qual o tempo necessário à conclusão da nova ferramenta, disse: “Dois anos é tempo demais. Acontecerá muito antes”.
Há cerca de um ano objeto de estudos pelo setor financeiro e instituições dos segmentos imobiliários, o novo indicador é defendido pelo Banco Central. Conforme comentários do mercado até esta data, a ferramenta não substituirá a outras em uso, como o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), que aponta mensalmente a evolução de preços da “cesta básica” do setor; e tampouco será parâmetro para reajustar preços em contratos de compra e venda de imóveis, ou de locação.
Segundo alguns especialistas, a utilidade do pretendido novo índice será restrita ao mercado financeiro, para acompanhar a evolução do preço do imóvel, e não para determiná-lo. Indicador semelhante existe na Espanha, por exemplo, onde é entendido pela Asociación Hipotecaria Española (AHE) como “de grande importância para a saúde do mercado”. Foi justamente para a Espanha que viajou no início do ano o economista-chefe do Sindicato da Habitação em São Paulo (Sinduscon/SP), Celso Petrucci, para, entre outras tarefas, conhecer de perto as peculiaridades da ferramenta. O Secovi/SP é uma das entidades engajadas nos estudos para o novo indicador.
A grande questão é: como criar uma ferramenta de precisão capaz de medir variáveis imprecisas. O valor do imóvel depende não somente de localização (no bairro e, no caso de condomínios, também no andar e nas faces do prédio) e do padrão construtivo, mas também e muito da lei de oferta e da procura, esta sim, capaz de balançar as bases de qualquer sistema preciso de cálculo. Por exemplo, se a demanda é por apartamentos de dois dormitórios, esgotados no bairro “A”, subirão os preços das ofertas no bairro “B”, imediatamente vizinho – ainda que este não seja, exatamente, o “lugar da vez”. É uma situação de previsão quase impossível, especialmente quando se trata de formular bases para futura sondagem.
A complexidade a enfrentar tem outras tantas variáveis imprecisas, que fogem à lógica, mas, a exemplo do que ocorre em outros países, cedo ou tarde o mercado brasileiro deverá encontrar a fórmula, como quer o Banco Central.