Clayton Netz, clayton.netz@grupoestado.com.br - O Estado de S.Paulo
A Prosperitas, uma das maiores gestoras brasileiras de fundos de private equity imobiliário, vai investir R$ 1,2 bilhão nos próximos anos em novos projetos no País. Como aconteceu em oportunidades anteriores, os recursos deverão ser fornecidos por investidores estrangeiros: em 2006, a Prosperitas captou inteiramente no exterior US$ 336 milhões do seu primeiro fundo de investimentos. Dois anos depois, em 2008, arrecadou mais US$ 612 milhões. "Nossos clientes são instituições e grupos que investem no longo prazo e não ficam pressionando por resultados imediatos", afirma Luciano Lewandowski, um dos sócios controladores da Prosperitas. "No auge da crise, quando todo mundo estava querendo tirar seu dinheiro daqui para cobrir perdas lá fora, nossos clientes mantiveram suas posições."
Nesse seleto portfólio, incluem-se investidores como o governo do Estado de Washington, nos Estados Unidos, o Fundo Soberano de Cingapura (GIC), a seguradora americana Liberty Mutual, o Sindicato dos Funcionários Públicos da Holanda e a Universidade Harvard, entre outros. "Todos eles investiram desde o primeiro fundo lançado", diz Lewandowski. A disposição de Harvard, que perdeu 30% dos US$ 39,6 bilhões investidos no mercado financeiro durante a crise, em continuar apostando no Brasil, não deixa de ser surpreendente: na semana passada, por exemplo, seus financistas liquidaram todas suas posições em empresas israelenses. "Muitos investidores resolveram concentrar seus recursos num número menor e mais confiável de negócios", diz Lewandowski.
Com ativos estimados em R$ 3 bilhões, a Prosperitas é dona de um portfólio que inclui shopping centers, edifícios comerciais, instalações industriais e loteamentos residenciais. A joia da coroa é o Eco Berrini, um edifício "verde" de 32 andares, com 50 mil metros quadrados de área, que está sendo construído na zona sul de São Paulo. Só com o Eco Berrini, que deverá ser inaugurado em março de 2011 e será passado adiante, a Prosperitas deve faturar R$ 600 milhões.
O R$ 1,5 bilhão de recursos previstos para os novos investimentos bancarão uma nova etapa na trajetória da Prosperitas. A gestora vai continuar com a abertura de novos shoppings, principalmente em cidades médias ou regiões ainda não atendidas por esse tipo de estabelecimento, como é o caso de Rio Branco, no Acre, e o bairro de Guadalupe, no Rio de Janeiro (até o final do ano, a Prosperitas quer chegar a uma área bruta locável de 180 mil metros quadrados).
Mas a maior soma de recursos será destinada a empreendimentos como um loteamentos residencial, em Campinas, onde serão aplicados R$ 150 milhões, e à construção de centros logísticos. Já estão definidos quatro centros, em Guarulhos, Campinas e Ribeirão Preto, em São Paulo, e Vespasiano(MG), que exigirão R$ 700 milhões. O maior deles será o de Guarulhos, que ocupará uma área construída de 400 mil metros quadrados. "O centro de Guarulhos está dentro do Rodoanel", diz Lewandowski.
Egresso do braço imobiliário da GP Investimentos, cujo controle foi adquirido em 2006 por ele e por seus sócios, Jose Carlos Nuñez e Maximo Pinheiro, numa operação de management buy out, Lewandowski diz que a Prosperitas vai quebrar a escrita e se abrirá para os investidores brasileiros. Uma possibilidade é explorar o segmento de dívida imobiliária. "Queremos nos fortalecer no mercado interno", afirma.