quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Faltam hotéis em São Paulo e escritórios disputam terreno.

Regiane de Oliveira (roliveira@brasileconomico.com.br)
05/08/10 12:54


Empreendimento da WTorre era único hotel de luxo em construção na capital paulista, e empresa decidiu transformá-lo em prédio comercial
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Partilhe: O complexo JK, em construção entre as Avenidas Juscelino Kubitschek e Nações Unidas, na Zona Sul de São Paulo, foi projetado para abrigar um shopping e duas torres, sendo que uma delas seria um hotel de luxo.

O plano do empresário Walter Torre de construir um hotel foi por muito tempo único na cidade de São Paulo. Mas a demanda aquecida por escritórios e a promessa de ganhos melhores com o aluguel de salas comerciais mudaram os planos. O hotel dará lugar a um prédio de escritórios.

A empresa nega que tenha desistido do lançamento do hotel, mas segundo executivos que acompanham o negócio, o aquecimento do mercado imobiliário, a valorização dos preços de terrenos e o aumento do custo de construção estão inviabilizando o modelo tradicional de investimento no setor hoteleiro.

Até alguns anos atrás, a classe média financiava o crescimento de redes como Atlantica Hotels, Intercity e Accor, ao comprar quotas de novos empreendimentos à espera de rentabilidade entre 10% e 12%.

No entanto, nos últimos anos, por conta do aumento do preço dos terrenos na cidade e do custo da construção, a rentabilidade desse mercado caiu para menos de 1%, resultando em uma fraca expansão do número de quartos pela capital paulista.

"Praticamente não temos hotéis sendo construídos em São Paulo e faltam quartos", afirma José Ernesto Marino, presidente da consultoria BSH International.

"Os hotéis em São Paulo trabalham com ocupação plena em dias comerciais e, em três anos, a cidade terá tarifas parecidas com as de Nova York", afirma Marino.

A BSH afirma que os preços médios das diárias subiram 16% em relação ao valor cobrado do mesmo período no ano passado. Essa alta é decorrente da maior procura por hospedagem, explica.

De acordo com Sérgio Bueno, diretor de negócios da rede Intercity, a realidade de São Paulo começa a ser espelhada em outros mercados. "Em algumas cidades fazer a reseva do quarto é mais importante do que a reserva da passagem aérea", afirma.

É o caso de Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. A diferença é que nestes mercados os novos investimentos ainda são viáveis. "Não significa que uma retomada de abertura de hotéis não vá acontecer em São Paulo, só que a equação ainda não está bem resolvida".

Em construção

Os próximos lançamentos de hotéis na capital paulista serão da Concivil-Estanplaza, e mesmo assim, eles adotam o modelo de flats. E os três empreendimentos - Villa Paulista, Villa Funchal Bay e Veranda, todos localizados em regiões nobres da capital paulista - devem atender também a demanda por escritórios.

Com tradição no mercado de hotelaria de longa permanência, a empresa permite que o hóspede alugue uma unidade por mês, ou que um residente compre apartamento, beneficiando-se da estrutura de serviços e comodidades hoteleiras, usual no mercado de flats.

A Concivil-Estanplaza conta hoje com cinco empreendimentos de longa permanência na cidade, e em 2013 pretende aumentar o número para nove.

Os novos empreendimentos estão tendo bons resultados de venda, afirma Célio Martinez, gerente de marketing. No caso dos lançamentos Paulista e Veranda, 80% das unidades foram vendidas.

O Funchal, que começa a ser vendido em agosto, tem a mesma projeção. "Os hotéis serão vendidos por R$ 8,5 mil e R$ 9 mil o metro quadrado", afirma.

No caso do Funchal, com unidades a partir de 39 metros quadrados, o valor das unidades será a partir de R$ 360 mil. O grupo afirma que a taxa de rentabilidade esperada é de 0,8% ao mês, além da valorização patrimonial.