Valor Econômico, 05/ago
O mercado imobiliário brasileiro vive uma de suas melhores fases e os incorporadores aproveitam o momento para testar o mercado com preços que, antes, seriam inconcebíveis. Em São Paulo, desde o começo do ano passado, explodiu a venda de salas comerciais de pequeno porte. Várias empresas, como Eztec, Helbor e Gafisa aproveitaram a disposição do comprador e dos investidores em adquirir pequenos espaços para acelerar o lançamento de empreendimentos desse tipo.
Hoje, o mercado paulistano terá mais um teste. A Helbor e a Setin farão o lançamento da parte comercial da Casa das Caldeiras, na Barra Funda. O preço médio é de R$ 8,5 mil o metro quadrado, mas pode chegar a R$ 9 mil em andares mais altos. As salas começam em 38 m2 e podem chegar a mil metros quadrados, o que significa R$ 9 milhões. "É preço de mercado", afirma Antônio Setin. "É preciso pensar no custo de reposição, se fosse comprar um terreno com esse tamanho, essa localização e essa qualidade, o preço final de venda a R$ 8,5 mil não fecharia", afirma.
O empreendimento também terá apartamentos residenciais, que devem ser lançados em setembro. Segundo Henry Borensztein, presidente da Helbor, o empreendimento residencial está aprovado, mas em fase de registro de incorporação.
Serão 384 unidades de quatro dormitórios, distribuídas em quatro torres. O preço final dos apartamentos menores (128 m2) será de cerca de R$ 700 milhões e os maiores (168 m2) de R$ 920 milhões, em média, valores altos para a região, que está sendo batizada pela empresa de Nova Perdizes, bairro mais valorizado da região. As empresas apostam no fato de o terreno estar em frente a um shopping center para "caprichar" no preço. "A região está se valorizando muito", diz Borensztein.
Com um valor geral de vendas total de R$ 535 milhões, é o maior empreendimento de ambas as companhias e marca a volta da Setin ao mercado. Antônio Setin vendeu sua empresa, no fim de 2007, para a Klabin Segall. No ano passado, na venda da Agre (que reunia Klabin Segall, Abyara e Agra) para a Veremonte, o empresário conseguiu reaver o nome Setin e saiu sem a costumeira cláusula que costuma amarrar os empresários nesse tipo de situação e os impede de continuar no negócio. O terreno foi adquirido há três anos e meio pela Setin em parceria com a Abyara e Agra, que posteriormente saíram do negócio para entrada da Helbor.
De grande porte, o lançamento da Casa das Caldeiras atrasou. Era para acontecer no primeiro semestre, mas teve de passar por todos os órgãos reguladores, inclusive a Companhia de Engenharia de Tráfego, a CET.
Para conseguir a aprovação do projeto, Helbor e Setin tiveram de fazer várias contrapartidas. Destinaram à Prefeitura de São Paulo mais de R$ 16 milhões em títulos de Operação Urbana, que serão utilizados para melhoria da região. Também foi doado à Prefeitura, um terreno de 7,5 mil m2 para obras de infraestrutura. A avenida Francisco Matarazzo será alargada em 3 metros na frente do empreendimento, na direção centro-bairro. De um total de 32 mil metros quadrados adquiridos originalmente - depois das doações - o terreno ficou com 23 mil m2.
A Casa das Caldeiras e a Casa do Eletricista, duas edificações dentro do terreno remanescentes das Indústrias Francisco Matarazzo, são tombadas e serão preservadas.