Negócio é movimentado pela preocupação com a violência nas grandes cidades.
A blindagem arquitetônica é um dos itens de proteção que mais crescem no país. Só no ano passado o crescimento foi de 30%. O filme “O quarto do pânico” mostra bem esse tipo de estratégia de proteção. A atriz Jodie Foster se refugia em um quarto com portas, paredes e janelas blindadas para se proteger de bandidos.
O reflexo da violência está nos muros altos em casas e apartamentos, portões de aço, grades e cercas elétricas. Nas grandes cidades brasileiras, o mercado de segurança está em plena expansão.
Para o presidente da Câmara de Blindagem Arquitetônica, Emerson dos Santos, o alvo dos criminosos chegou às moradias e atraiu outro mercado de segurança.
“Percebe-se que ações criminosas que eram direcionadas a bancos e transporte de veículos têm sido direcionadas a imóveis. Com isso, há uma necessidade maior da utilização da blindagem arquitetônica”, diz Emerson dos Santos.
De olho nas oportunidades deste mercado, o empresário Cristiano Vargas mudou de atividade. Ele construía estruturas metálicas para grandes empresas e, nos últimos anos, se especializou em blindagem arquitetônica.
“Nós já temos pedidos desde a construtora, que já entrega para seus clientes apartamentos com as portas blindadas”, diz Cristiano Vargas.
A empresa de Cristiano Vargas blinda portas, paredes, janelas e até pisos e tetos. A blindagem é feita com estruturas de aço e vidro que resistem a arrombamento, tiro e fogo.
A blindagem nada mais é do que a sobreposição de materiais em duas ou mais camadas, como duas chapas de aço com um espaço no meio. Essa estrutura é que confere resistência à porta.
“Se um tiro for disparado, a primeira camada tem a função de destruir o projétil. A segunda absorve o impacto e dissipa a energia da bala. O espaçamento evita o efeito ricochete, mantendo o projétil dentro, em vez de a bala se perder”, explica Cristiano Vargas, que investiu R$ 200 mil para montar a empresa de blindagem. Os principais equipamentos são máquina de corte, de dobra e de solda. As fechaduras são especiais, com sete pinos de segurança. Os produtos possuem certificação do Exército brasileiro.
“A certificação é super importante. O cliente deve exigir isso das empresas, principalmente das fabricantes. Elas têm uma certificação muito rigorosa. No Exército, os testes chegam a durar seis meses. São bateladas de testes no campo de provas do Exército em Marambaia, no Rio de Janeiro. É um investimento alto, mas que vale a pena”, afirma Cristiano Vargas.
A produção é sob encomenda. A empresa não faz anúncios. Todos os clientes chegam por indicação. Nos últimos sete anos, a procura por blindagens disparou. O faturamento da empresa aumentou dez vezes, e o preço caiu. Uma porta blindada que custava R$ 10 mil em 2003 hoje é vendida por R$ 2,5 mil.
“O mercado aumentou. Investimos em maquinários que reduziram os custos e aumentaram a escala da produção”, diz Cristiano Vargas.
A empresa faz 40 blindagens por mês. As proteções para guaritas de segurança são as mais procuradas. No final do ano passado, um condomínio blindou uma guarita de sete metros quadrados. Dela, o segurança observa tudo através do vidro á prova de balas.
“A gente trabalha com firmeza. Não tem perigo e demonstra firmeza para os moradores também”, explica o porteiro Gilberto Alves de Amorim.
A blindagem da guarita custou R$ 16 mil. O valor foi dividido pelos 60 apartamentos do prédio.
“O valor que nós investimos foi muito pequeno em relação ao ganho em segurança para o condomínio”, avalia o sindico do prédio, Francisco Lattarulo.
A segurança também é essencial em uma empresa de transporte de valores. No local trabalham 400 funcionários armados. E completam a segurança portas, vidros e paredes blindados, em uma área de três mil metros quadrados.
Para entrar, é necessário passar por oito portas com blindagem de alta resistência.
“Esta porta tem blindagem nível cinco, pesa aproximadamente 400 quilos e resiste a armas de grosso calibre, como fuzil”, comenta o gerente comercial, Gilvam Torres.
Em cada ambiente, uma porta só abre quando outra se fecha.
“Uma área é restrita para uma segunda identificação de pessoas autorizadas no pátio externo. A porta e a área são blindadas. Uma segunda porta dá para uma área de segurança máxima da empresa”, descreve Gilvam Torres.
Não é possível passar do pátio onde ficam os veículos blindados. O dinheiro é colocado em malotes e guardado atrás de portas. A empresa investiu R$ 1 milhão na blindagem do espaço – uma fortaleza planejada para inibir crimes.
“O item blindagem é fundamental. Quando se fala em blindagem, você tem que trabalhar com material de primeira linha, do nível mais elevado possível, para que a resistência a qualquer ação marginal seja a máxima possível", diz Gilvam Torres.
Fonte Globo.com