SÃO PAULO - O crédito imobiliário com recursos da poupança e do FGTS deve alcançar R$ 76 bilhões em 2010. "Essa nova previsão é bastante realista com o cenário de crescimento do setor imobiliário", declarou o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Luís Antônio França, durante evento do setor realizado em São Paulo ontem.
"No primeiro semestre foram realizados R$ 23,8 bilhões com poupança e R$ 10,9 bilhões com recursos do FGTS, e projetamos mais R$ 33,2 bilhões do SBPE e outros R$ 8,1 bilhões do FGTS para o segundo semestre deste ano", calculou França.
"O fundo de garantia é o grande motor do programa 'Minha Casa Minha Vida', mas essa política de governo precisa se tornar uma política de Estado", sugeriu o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais (Secovi), Flávio Prando.
Prando apontou que o crescimento do setor está relacionado com o crédito imobiliário acessível para a classe C. "Num financiamento de R$ 100 mil reais, a prestação de cerca de R$ 1,05 mil se reduziu para uma faixa entre R$ 650 e R$ 680, exigindo uma renda atual de R$ 2,5 mil, menor que os R$ 3,7 mil exigidos anteriormente", detalhou Prando.
De acordo com o VP do Secovi, o futuro do mercado é se popularizar e há uma sólida demanda por novas habitações por um longo período. "É nas classes populares que está a massa da demanda futura", apontou Prando.
Mas os representantes do setor estão preocupados com a capacidade de financiamento dos instrumentos tradicionais, a poupança e o FGTS.
"Os bancos terão de buscar alternativas. A demanda por imóveis cresce em ritmo maior que os recursos dos poupadores, e mesmo com a geração de 2 milhões de empregos formais por ano, os recursos do FGTS são limitados", alerta o presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), Francisco da Silva Coelho.
O presidente da OEB sugere o desenvolvimento de fontes alternativas para o financiamento imobiliário nos próximos anos.
"A securitização pode ser um caminho, assim como o desenvolvimento de fundos imobiliários", aponta Coelho.
"O Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) é o funding do futuro", projeta Prando, do Secovi. "Esse é um grande tema a ser discutido, pois a poupança cresce a um ritmo de 18% ao ano, está em R$ 270 bilhões, mas o setor imobiliário vai precisar de R$ 520 bilhões em 2014", calcula França.
O presidente da Abecip sugere que além do CRI, o Brasil possa contar com o lançamento de covered bonds. "Em setembro vamos conversar com a CVM [Comissão de Valores Mobiliários] sobre esse instrumento de financiamento que é comum na Europa, e tentar levantar entraves da legislação", afirmou França.
De acordo com ele, os covered bonds são utilizados em países como Alemanha, Reino Unido, Espanha e Dinamarca.
Mas enquanto essa novidade não é regulamentada, o mercado brasileiro procura desenvolver as fontes já disponíveis. "O mercado de CRI, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Cédulas de Crédito Imobiliário (CCI) deve atingir R$ 7 bilhões nesse ano", projeta Fábio Nogueira, da securitizadora Brazilian Mortgages.
"A securitização está com o arcabouço legal pronto e vai crescer, pois fundos de pensão e seguradoras ainda não apareceram nesse mercado", diz Nogueira.
O executivo informa que a emissão de CRI atingiu quase R$ 3 bilhões no primeiro semestre. Ele tem razão, os números oficiais apontam a seguinte proporção dos R$ 2,8 bilhões emitidos até 20 de julho: Cibrasec com R$ 215,7 milhões (8%); Brazilian Securities com R$ 1,006 bilhão (36%); RB Capital com R$ 961,62 milhões (34%); BRC com R$ 173 milhões (6%) e outras securitizadoras com R$ 443,84 milhões (16%).
Fernando Brasileiro da Cibrasec comparou o potencial do mercado nacional de securitização com outros países. "Nos Estados Unidos é 62,7%, no Chile 12,8%, no México 7,9% e no Brasil só agora alcançamos 2,3%, ou seja há muito potencial", apontou.
Mas Willian Charles Handorf do The Federal Home Loan Bank of Atlanta alertou: "Não cometam o erro do mercado americano, dar 110% de crédito para a especulação imobiliária".
O crédito imobiliário com recursos da poupança e do FGTS não para de crescer, e nova previsão indica que esses empréstimos somem o recorde de R$ 76 bilhões este ano. A projeção foi feita pelo presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Luís Antônio França. No primeiro semestre foram realizados empréstimos imobiliários no total de R$ 23,8 bilhões com poupança e de R$ 10,9 bilhões com recursos do FGTS. A projeção é de mais R$ 33,2 bilhões da poupança e outros R$ 8,1 bilhões do FGTS para o segundo semestre deste ano.
O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais (Secovi), Flávio Prando, apontou que o crescimento do setor está relacionado com o crédito imobiliário acessível para a classe C. "Num financiamento de R$ 100 mil reais, a prestação de cerca de R$ 1,05 mil se reduziu para uma faixa entre R$ 650 e R$ 680, exigindo uma renda atual de R$ 2,5 mil, menor que os R$ 3,7 mil exigidos anteriormente", detalhou.
O boom da construção está levando euforia às indústrias que fornecem ao setor. Operando próximo do limite de sua capacidade instalada, a Duratex, por exemplo elevou seus investimentos de 2010 em 35%. Ontem, Flávio Donatelli, diretor da companhia, informou que o montante a ser investido pela empresa este ano passou de R$ 420 milhões para R$ 570 milhões. Esse valor adicional tem como meta aumentar a capacidade de produção da companhia, principalmente em metais e louças sanitárias, para atender a demanda gerada pelo crescimento da construção civil. A Gerdau também comemora o aumento das vendas, que se calcaram na venda de vergalhões para a construção.
Como contraponto, o crescimento da construção civil trouxe também um aumento do número de ações no Judiciário nas áreas cível, ambiental, trabalhista e do consumo. "A construção é o ramo que mais gera ações na Justiça do Trabalho", afirma o advogado Haroldo Baraúna, sócio do escritório Scheer & Advogados Associados e especialista em Direito Empresarial. De acordo com ele, em "cada obra, se há cem contratados, há cem potenciais ações na justiça trabalhista".
O advogado afirma, ainda, que o crescimento da atividade tem como inevitável consequência o aumento de casos na Justiça.