Falta de terrenos deixa moradias mais caras; pequeno investidor já aposta no setor
Raphael Hakime, do R7
Funcionários de empresas interessadas na exploração do Pré-sal aquecem mercado imobiliário de cidades litorâneas; Santos já vê aumento de preços
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Se você planeja alugar casa ou apartamento para passar férias, Réveillon ou Carnaval no litoral paulista é bom correr. Isso porque você vai disputar espaço com os funcionários das empresas que operam ou prestam serviços na exploração de petróleo e gás na região.
Com a descoberta do pré-sal e a definição de que Santos concentraria as operações de extração de óleo da Bacia de mesmo nome, o mercado imobiliário da região esquentou. Como parte da cidade fica em uma ilha, o espaço disponível para novas construções é restrito, explica o presidente do Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo), José Augusto Viana Neto.
- Há poucos terrenos na cidade de Santos, o que automaticamente aumenta o preço dos imóveis. O aumento da procura por imóveis na cidade começou antes da exploração do pré-sal, quando se definiu que ficaria em Santos o comando da Petrobras [da Bacia de Campos].
Segundo Viana Neto, já é comum as construtoras comprarem casas antigas ou prédios pequenos para demolir e utilizar os terrenos para levantar novos empreendimentos de alto padrão.
- Como essas empresas ligadas à exploração de petróleo [que estão se instalando em Santos] têm muitos profissionais com nível técnico ou superior, os funcionários têm poder aquisitivo alto e podem comprar imóveis de padrão mais elevado.
Os funcionários do “médio escalão” das empresas de petróleo e gás também estão à procura de imóveis no litoral paulista. De olho nessa demanda, pequenos investidores já enxergaram a possibilidade de complementar a renda com o dinheiro do aluguel de casas e apartamentos que constroem especificamente para este público.
Há quatro anos, Fernando Luiz Murakawa se aposentou da empresa em que trabalhava em São Bernardo do Campo (SP) e decidiu se mudar com a família para Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo.
De olho na oportunidade de lucrar com o mercado imobiliário, comprou um terreno de 300 metros quadrados por R$ 30 mil e construiu quatro casas com dois dormitórios cada uma. O investimento total, diz Murakawa, foi de R$ 150 mil.
- Eu fiz as casas para vender, mas fazia um bom tempo que estavam vazias. Em dezembro do ano passado, uma empresa que presta serviços para a Petrobras e atua em Caraguatatuba fez uma proposta para alugar os imóveis por 30 meses. O valor foi tão bom que não tive como recusar [Murakawa preferiu não informar o valor do aluguel].
A Petrobras está construindo uma unidade de tratamento de gás em Caraguatatuba (SP). Atualmente, a obra já emprega cerca de 3.000 pessoas direta ou indiretamente.