sábado, 17 de julho de 2010

Exploração de petróleo impulsiona valorização imobiliária.

Leia nesta semana outras reportagens da série sobre o mercado imobiliário dos municípios que formam as bacias de Santos e Campos
Marina Gazzoni, enviada a Santos e Macaé | 15/06/2010 05:05

A perspectiva de investimentos no setor petroquímico já reflete no setor imobiliário dos principais municípios das bacias de Santos e Campos. Com a descoberta do pré-sal, a oferta de empregos na cadeia do petróleo cresce e engrossa uma corrente de migração para municípios onde a Petrobras concentra suas operações, como Santos, no litoral paulista, e Macaé, no Rio de Janeiro. O aumento da oferta de emprego gera uma demanda maior por imóveis, puxando uma onda de valorização imobiliária e de novos lançamentos nas áreas de exploração de petróleo.

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O mercado imobiliário brasileiro como um todo passa por um bom momento, impulsionado pelo crescimento da economia e pela maior oferta de crédito habitacional. Mas nos municípios próximos a áreas onde a Petrobras descobriu petróleo, a valorização é ainda maior. O preço de alguns imóveis nessas regiões chegou a dobrar em dois anos, segundo relatos de corretores, moradores e investidores dos municípios que formam as bacias de Santos e Campos consultados pelo iG.
Em Santos, um apartamento de 360 metros quadrados no condomínio Pallazzo di Sienna, vendido por R$ 1,9 milhão no lançamento, passou a valer R$ 2,5 milhões em um ano, segundo Carlos Ferreira, dono de uma imobiliária local e representante do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci) na baixada santista. No litoral do Rio, os preços são menores, mas o potencial de valorização também é alto. Um imóvel de 70 metros quadrados vendido em 2008 na planta pela Cyrela por R$ 200 mil no condomínio Exclusivité, em Campos do Goyatacazes, município que integra da bacia de Campos, está à venda nas imobiliárias locais por, no mínimo, R$ 350 mil após 18 meses, de acordo com corretores da região.
O cenário favorável atraiu grandes grupos do setor imobiliário para as cidades próximas das plataformas de exploração, como Cyrela, Rossi, Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) e Lopes. Mesmo com essa enxurrada de lançamentos, as construtoras e imobiliárias não temem um excesso de oferta. Para elas, houve uma escassez de imóveis novos nestas regiões nos últimos anos e a demanda na região cresce muito mais rápido que a oferta. Com este descompasso, a expectativa do setor é que os preços continuem subindo. Todas estão de olho no mesmo cliente: trabalhadores da cadeia do petróleo, que chegam à cidade para atuar na Petrobras ou em suas prestadoras de serviço.
“Essas pessoas chegam com uma renda mais elevada do que a média da população local e aquecem o setor de médio e alto padrão”, afirma Ferreira. Uma delas foi Ana Fray, que se mudou para Santos em maio do ano passado, após a transferência do marido para o escritório da Petrobras na cidade. Em setembro, o casal comprou um apartamento com três suítes no bairro Ponta da Praia, por R$ 930 mil. “Compramos usado para mudar mais rápido”, afirma Ana.
Migração do pré-sal só começou
A mudança de pessoas para trabalhar na exploração do pré-sal mal começou. O movimento migratório esperado pelo setor imobiliário nos próximos cinco anos é ainda maior. Em Santos, a expectativa dos corretores é que a construção da nova sede da Petrobras intensifique a chegada de trabalhadores do setor. A estatal investiu R$ 15 milhões em um terreno que receberá um complexo de três torres, para concentrar seu escritório regional, que deve gerar mais de 10 mil empregos diretos e indiretos. As obras ainda não foram iniciadas.
No município de Macaé, a exploração de petróleo começou muito antes do pré-sal, há cerca de 30 anos. Mas a descoberta da reserva brasileira também deve refletir no município. A expectativa do setor imobiliário local é que as empresas internacionais reforcem seu escritório na região para atender o Brasil, o que deve aumentar a população.
A empresa de Wilton Pinheiro foi uma das companhias que reforçou sua atuação em Macaé. Ele atuava na região desde 2002, mas se mudou com a família para a cidade em julho de 2009, para coordenar a filial da fabricante de equipamentos alemã Liebherr. Pinheiro mora de aluguel, mas procura um apartamento próprio. “Queria ver se a minha família iria se adaptar à cidade antes de comprar”, afirma.
A busca do aluguel antes da casa própria é uma atitude típica de recém-chegados à cidade, que se mudaram por questões profissionais, afirma Rodrigo Vianna, representante do Secovi (sindicato da habitação) em Macaé. Assim, a perspectiva de novos empregos na cadeia de petróleo aquece tanto o mercado de locação quanto o de vendas.

Investidores

O movimento de pessoas que se mudam para a cidade para trabalhar mas não sabem se querem fixar residência na região gera uma demanda de investimento em imóveis para alugar, afirma o diretor de incorporação da CCDI, Maurício Barbosa. A construtora lançou quatro empreendimentos na baixada santista e estuda entrar no mercado de Macaé.
A demanda por alugueis somada ao potencial de valorização favorece a venda de imóveis a investidores. A estimativa de Ferreira é que na sua imobiliária, em Santos, metade dos compradores é investidor. O mesmo percentual se repete em Campos, nos empreendimentos da Cyrela.

Um dos compradores foi o corretor imobiliário Matheus Alcântara. Ele comprou um apartamento de 58 metros quadrados por R$ 152 mil no condomínio Splendore, da Cyrela, e pretende vender por, no mínimo, 40% mais quando o imóvel estiver pronto. Para ele, a exigência de apenas 20% de entrada facilitou a compra. "Os outros lançamentos na região exigiam pelo menos 50%."

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