O Estado de São Paulo, Roberta Scrivano, 14/mar
Especialistas dão dicas para evitar problemas ao proprietário, como descobrir que o local é barulhento, como ocorreu com a pedagoga Claudia
Claudia Charoux, pedagoga de 31 anos, comprou um imóvel usado em Perdizes, bairro da zona oeste de São Paulo conhecido pelas ladeiras íngremes. Foi só depois da mudança que ela se deu conta do barulho que os veículos produzem ao passar por uma valeta seguida de um aclive. "Não dá para dormir. Ou, quando estamos conversando e passa um caminhão ou carro, precisamos aumentar o tom de voz."
Para corrigir o problema (que não foi identificado antes da compra), a pedagoga teria de investir em janelas antirruídos e na refrigeração da casa - já que os vidros dessas janelas especiais são mais grossos e devem ser mantidos fechados. "Seria um gasto bem alto e, ainda assim, não terminaria totalmente com o problema", diz.
Especialistas em mercado imobiliário tomam o caso de Claudia como exemplo para reforçar a recomendação de pesquisa e conhecimento do imóvel a ser comprado para que não haja problemas no futuro.
"Você está comprando a sua casa. É algo para o longo prazo. É preciso atenção aos detalhes", recomenda Marcelo Nogueira, advogado da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH). A entidade, inclusive, presta uma espécie de consultoria gratuita aos interessados em comprar um imóvel. "Ajudamos, por exemplo, a entender o contrato", afirma Nogueira.
Mas, assim como mostra o caso de Claudia, não são só as burocracias contratuais que dão dor de cabeça. No caso de imóveis que ainda não estão prontos, é preciso visitar a unidade decorada para se ter ideia de como será a disposição dos cômodos. "Nem todo mundo consegue visualizar como será o imóvel por meio do desenho da planta", diz Denise Labate Vasconcellos, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em mercado imobiliário.
Mais do que visitar a unidade decorada, é importante conhecer outros imóveis erguidos pela mesma construtora. "E daí checar com quem já mora lá como é a construção", diz Nogueira. Denise sugere também que o comprador faça levantamento em entidades de defesa do consumidor (como o Procon) sobre reclamações contra a construtora e a incorporadora no imóvel.
Luminosidade é outro ponto importante. A chamada "face norte" do imóvel é a que recebe mais luz do sol durante todo o dia, dizem corretores imobiliários.
No caso de compra de imóveis usados é importante que se façam visitas em dias variados e em horários distintos, diz Nogueira. "Para ver se de fato há luz, se não tem goteira e se é seguro."
Financiamento. Checar com detalhes o contrato antes de assiná-lo é outra recomendação importante. Mas, mais do que isso, diz Nogueira, é importante que o comprador verifique se terá condições de arcar com os custos do financiamento imobiliário.
Essa indicação é reforçada para quem vai comprar apartamento na planta - uma vez que o financiamento só começa a valer depois da entrega das chaves.
"É preciso levar a situação ao banco para verificar como ficará o financiamento e se sairá da maneira esperada, com prestação que caiba no bolso", recomenda. "Isso tem de ser feito no banco e não na mesa do corretor do imóvel", diz o advogado.
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