terça-feira, 1 de março de 2011

Poupança deve financiar R$ 85 bi em imóveis

São Paulo - A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) se mostra otimista com a economia brasileira. Com isso, a entidade está projetando um crescimento de 51% no volume financeiro de financiamento de imóveis por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para 2011.
No ano passado, o montante encerrou em R$ 56,2 bilhões, passando para R$ 85 bilhões neste ano. Na quantidade de unidades comercializadas, os números passam de 421 mil em 2010, para 540 mil neste ano, representando um crescimento de 28%.
"Imagino um ritmo econômico em 2011 igual ou superior ao visto no ano passado. A elevação da taxa básica de juros não afeta o mutuário, porque o funding é da caderneta de poupança", explica Luiz Antonio França, presidente da Associação. Na consolidação do SBPE com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), 2010 encerrou com volume financeiro de R$ 83,1 bilhões, um expressivo crescimento de 67% se comparado com o ano anterior. Já em quantidade de unidades vendidas, a elevação foi de 57%, saindo de 670 mil em 2009, para 1,052 milhão apurado no ano passado.
Só os financiamentos com a utilização do FGTS somaram R$ 26,9 bilhões no ano passado, contra R$ 15,6 bilhões no ano anterior, uma alta de 72%. Nas projeções, a Abecip não calculou o volume do FGTS para 2011 porque ainda faz parte do orçamento inicial, e os dados podem sofrer alteração. "No orçamento inicial para 2010, por exemplo, foram acrescidos cerca de R$ 9 bilhões. Portanto ainda não calculamos", afirma o presidente da Abecip.
Os motivos apontados por França para que o mercado se mantivesse aquecido em 2010 foram: a mudança das classes mais pobres; e o aumento da renda. "É preciso ter segurança para adquirir um imóvel. O aumento do número de pessoas capazes de comprar colaborou muito", disse.
De acordo com os dados divulgados, a taxa de desemprego finalizou 2010 em 5,3%, contra 6,8% em 2008 e 2009. No rendimento médio mensal, o salto foi de R$ 1.374 em janeiro do ano passado, para R$ 1.515 em dezembro.
Em contra partida, a taxa de juros saiu de 8,65% em janeiro de 2010 para 10,67% em dezembro do mesmo ano. Já a taxa de juros real encerrou 2010 em 4,50%, saindo de 3,88% em janeiro. "Devemos manter as taxas de juros praticadas no ano passado pelo mercado para novos financiamentos", acrescenta França.
Do total de financiamentos por meio do SBPE (R$ 56 bilhões), R$ 31,8 bilhões foram destinados para aquisição e R$ 24,4 bilhões para construção, ou seja, financiamento realizado com as construtoras. Dentro das aquisições, 72,2% foram de imóveis usados, contra 27,8% de novos.
Outro ponto mostra a mudança na cultura dos brasileiros na hora de comprar um imóvel. Em 2005, o mutuário dava uma média de 52,2% de entrada e financiava 47,8%. Em 2010, os números mudaram. A média do valor de entrada caiu para 38%, e os outros 62% passaram para o financiamento. "O mercado precisou dessa mudança para que conseguisse continuar crescendo", revelou o presidente da Abecip.
A inadimplência se manteve próximo ao patamar nos últimos quatro anos. Em dezembro 2007, encerrou em 1,4%, passando para 1% em dezembro de 2008, 1,2% em 2009 e 1,1% em 2010. A inadimplência é considerada em contratos com mais de três prestações atrasadas.
A captação líquida da poupança encerrou 2010 com recorde histórico, finalizando com R$ 29,5 bilhões. Este volume representa 11,64% do saldo total da poupança, de R$ 253,6 bilhões e um crescimento de 24% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a poupança captou R$ 23,8 bilhões.
As operações de financiamento realizadas com recursos da poupança atingiram R$ 6,16 bilhões em dezembro do ano passado, volume maior em mais de R$ 1 bilhão em relação a novembro do mesmo ano. Comparado a dezembro de 2009, o montante apresentou crescimento de 61%.
Em dezembro, foram financiadas 43,5 mil unidades, mostrando uma elevação de 37%.

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