quarta-feira, 23 de março de 2011

Nova estação do metrô de SP abre corrida imobiliária no Butantã

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

A abertura da estação Butantã do metrô de São Paulo converterá o bairro da zona oeste da cidade em próximo alvo do mercado imobiliário.

Estação Butantã do metrô de SP abre na segunda-feira

A inauguração será na segunda-feira, anunciou ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB) em entrevista em Sorocaba (99 km de São Paulo). A estação, da linha 4-amarela, funcionará de segunda a sexta e em feriados, das 8h às 15h.

O "boom", segundo o setor imobiliário, se dará a partir da Operação Urbana Vila Sônia, que a prefeitura quer enviar à Câmara neste ano.

Por enquanto, a valorização no entorno da estação --cujo imóvel, imenso e prateado, é confundido por pedestres com um shopping-- não se sobressaiu em relação ao restante da cidade.

A operação urbana consiste na venda de títulos que permitem às empreiteiras construir acima do limite estabelecido pelo zoneamento.

Com ela, é possível fazer um prédio mais alto e, em consequência, colocar mais apartamentos à venda e tornar o empreendimento viável economicamente.

Foi assim com a operação urbana Faria Lima, por exemplo, no entorno da avenida de mesmo nome.

Juca Varella/Folhapress

Nova estação do metrô de São Paulo abre corrida imobiliária na região do Butantã, na zona oeste da cidade

TEM PARA ONDE CRESCER

A avaliação do setor é que o Butantã tem para onde crescer; o bairro ficou em um modesto 42º lugar entre os 96 distritos da cidade em lançamentos imobiliários em 2010, segundo o Secovi (sindicato da habitação).

"O metrô é indutor enorme de desenvolvimento. Cabe à prefeitura fazer a análise de quanto essa estrutura comporta. O segredo é compactar a cidade de forma adequada e sustentável, para não criar adensamento excessivo", afirma Cláudio Bernardes, vice-presidente do Secovi.

É exatamente o que temem os moradores.

"O metrô é muito bem-vindo. O problema é que ele transforma o entorno de forma negativa e fomenta um adensamento exagerado", afirma Sérgio Reze, morador da região e diretor do Movimento Defenda São Paulo.

As consequências, diz, são o aumento do trânsito e a substituição de pequenos imóveis por prédios.

O resultado, acrescenta, é a saída de moradores antigos, o encarecimento dos imóveis, a verticalização excessiva. E o maior risco de enchentes, causado pela impermeabilização do solo.

"O Butantã é uma reserva de área verde em São Paulo, pouco verticalizada, não sofreu alagamento." Ele não quer o bairro transformado em uma "Moema".

Os prédios não são responsáveis pelas enchentes, diz o Secovi, pois são obrigados a manter áreas verdes e permeáveis, além de reservatórios para água da chuva.

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