segunda-feira, 21 de março de 2011

Poupança até R$ 100 tem mais 3 milhões de clientes

Brasil Econômico, Maria Lúcia Filgueiras, 16/mar


O aumento de renda do brasileiro está se refletindo nos dados de depósitos nos extremos de faixas de patrimônio. Conforme o balanço de 2010 divulgado pelo Banco Central sobre as aplicações que são garantidas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o aumento de contas e saldos se verifica desde os clientes com aplicação até R$ 100 como acima de R$ 1 milhão.

Nas cadernetas de poupança, o número de clientes com até R$ 5 mil aplicados somou 84,95 milhões de pessoas, ante 80,45 milhões em 2009. Desses 4,5 milhões de clientes adicionais, quase 3 milhões estão em contas de até R$ 100 e, em quatro anos, foram 11 milhões de clientes a mais nessa faixa. " Há uma parcela grande de novos poupadores na caderneta, de gente que agora começou a ver dinheiro sobrar para poupar", destaca Mauro Calil, consultor de investimentos e diretor da Calil Estudos e Formação de Patrimônio.

Além da nova classe média, Calil destaca que a poupança é usada para períodos mais curtos, entre uma aplicação e outra, como venda de um imóvel para compra de outro, e também por investidores que querem j untar quantias maiores para aplicações mais sofisticadas. De um ano para outro, o saldo de caderneta aumentou R$ 60 bilhões, também ajudado pelo incremento de milionários. O número de clientes com mais de R$ 1 milhão na caderneta passou de 4,96 mil pessoas para 6,13 mil em um ano e aumentaram o saldo para R$ 23,54 bilhões, alta de 19%.

Essa faixa de investidores também aumentou de forma considerável em aplicações ligadas ao financiamento imobiliário. Em 2009, 2,8 mil clientes tinham aplicação em Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e 273 em Letras Hipotecárias (LH). No ano passado, cada instrumento teve, respectivamente 5 mil e 350 clientes. Nas LCI, o crescimento total de clientes, em todas as faixas de depósito, foi de 283%e o saldo aumentou 89%, para R$ 29,22 bilhões.

" De um lado há um movimento forte dos bancos na oferta desses produtos. De outro, o investidor busca diversificação de carteira, mas tem de avaliar o risco e retorno desses produtos", pondera Calil. Concentração A maior parte de créditos garantidos pelo FGC está em produtos de milionários, fatia de 45%. O percentual já foi maior, em 2008 chegou a 48%, mas chama atenção o ritmo de crescimento dessas contas.

Em quatro anos, o número de clientes acima de R$ 1 milhão mais que dobrou, enquanto o volume total de clientes aumentou 29%. O saldo dos milionários saltou 99% no período, acima do ritmo de aumento do saldo total, de 95,34%, e bem superior ao crescimento de saldo das contas até R$ 5 mil, de 31,37%.

Segundo o BC, 89% dos clientes em depósitos garantidos pelo FGC respondem por pouco mais de 5% do saldo financeiro, que são aqueles com créditos de até R$ 5 mil. Os clientes acima de R$ 1 milhão representam 0,05% do total de pessoas. Para Calil, a mobilidade socioeconômica tende a aumentar nos próximos cinco anos. "Os dois extremos estão crescendo, com mais milionários e novos poupadores pequenos."

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