sábado, 30 de outubro de 2010

Bancos privados visam maior fatia do crédito imobiliário

DCI, 29/out


A Caixa Econômica Federal não está mais sozinha na concessão de crédito imobiliário para pessoas físicas. Os bancos privados despertaram da crise para atender à explosão da expansão de moradias no Brasil. "Há um déficit habitacional de seis milhões de residências. Essa pode ser uma alavanca do crescimento do crédito, existe um potencial muito grande", vislumbra o diretor de negócios imobiliários do Banco Santander Brasil, José Roberto Machado.

No balanço do banco, divulgado ontem, o Santander relatou que seu crédito imobiliário cresceu 30,7% nos últimos 12 meses. A soma das carteiras de pessoa física e jurídica totalizou R$ 11, 233 bilhões, ante R$ 8,593 bilhões do ano passado. O destaque do terceiro trimestre é que a linha de crédito para pessoas jurídicas cresceu 42% e atingiu R$ 5,119 bilhões, contra R$ 3,606 bilhões no ano passado.

A carteira imobiliária do Santander para pessoas físicas apresentou crescimento de 22,6% e alcançou R$ 6,114 bilhões, ante R$ 4,978 bilhões registrados no mesmo período de 2009.

Machado aponta que o Santander pode manter a expansão nos próximos dois ou três anos. "A originação é bem maior que a carteira de R$ 11,2 bilhões. O estoque já contratado pelas construtoras e incorporadoras é de R$ 18 bilhões", calcula Machado.

O Santander trabalha com taxas entre 9,5% e 10,5% ao ano no Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e entre 12,5% e 13% ao ano para o crédito pré-fixado. "Alongamos os prazos para até 30 anos e inovamos ao captar vendas até na internet", contou Machado.

Outro concorrente da Caixa, o HSBC apresentou crescimento de 45% no mesmo período. O superintendente de crédito imobiliário do HSBC, Jaime Chiganças, informou que a carteira saltou de R$ 1,1 bilhão para R$ 1,6 bilhão até o fim de setembro. "Devemos alcançar R$ 2 bilhões em 2010 e projetamos crescimento de 40% em 2011 e outros 40% em 2012", estima Chiganças.

Para além de 2013, a preocupação dele, como a do setor, é com uma provável falta de recursos da poupança para financiar a crescente demanda.

"Num primeiro momento teremos de aumentar a captação da poupança. O setor está se mobilizando para propor novos produtos para incentivar a captação de recursos", cita Chiganças.

"Da nossa carteira, 90% dos recursos vieram da poupança e outros 10% através das LCIs [Letras de Crédito Imobiliário]", detalhou o superintendente.

O HSBC financiou 5,5 mil clientes pessoa física em 2010, quase um terço de seus 17 mil clientes em crédito imobiliário. As taxas para imóveis até R$ 150 mil possuem juros de 8,9% ao ano; para imóveis entre R$ 150 mil e 500 mil a taxa está em 10,5% ao ano; e para imóveis acima do valor de R$ 500 mil a taxa praticada é de 10,9% ao ano.

Outro grande concorrente da Caixa é o Bradesco, que está avançando nas faixas mais populares de renda. "Não participamos do programa 'Minha Casa, Minha Vida' (MCMV), mas o Bradesco financia imóveis a partir da faixa de R$ 30 mil com recursos da poupança", afirmou ao DCI, o diretor da área de crédito imobiliário do Bradesco, Claudio Borges.

Segundo Borges, o Bradesco fez a contratação de 47 mil novos imóveis em 2010 com 740 obras em andamento. "34% das unidades são para a faixa entre 3 a 10 salários mínimos", destacou. As contratações pelo Bradesco representaram R$ 6,7 bilhões até setembro, com crescimento de 22% em relação a 2009. O saldo de crédito em carteira acumulou R$ 9,5 bilhões até o final de setembro. "75% são para construtoras e incorporadoras e 25% para pessoas físicas", detalhou Borges.

A concessão de crédito atual está em torno de R$ 1 bilhão por mês. "Vejo um cenário para 2011, igual ou maior do que fizemos até agora", vislumbrou Borges.

Caixa

A contratação de unidades pela Caixa cresceu 1,25%, de 896.908 imóveis em 2009 para 908.155 em 2010. Em volume de recursos, a contratação cresceu 20,6%, de R$ 47,05 bilhões em 2009 para R$ 56,74 bilhões em 2010.

Do volume de unidades, a contratação do "Minha Casa, Minha Vida" avançou 51,9% para 418.512 imóveis, sendo 46% delas com recursos do Orçamento Geral da União e 54% originado de recursos do FGTS. Juros de 5% (até 3 salários mínimos); 6% (até 6 sm), e de 8,16% ao ano (até 10 sm).

No SFH com recursos da poupança houve queda de 21% nas contratações, de 621 mil em 2009 para 489 mil em 2010. Os juros variam entre 8,9% ao ano no SFH e 11,5% ao ano, fora do SFH.

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