Valor Econômico, Fernando Travaglini, 04/out
O dinamismo do setor de construção civil atrai cada vez mais a atenção dos bancos. O saldo total de empréstimos para as empresas ligadas à cadeia imobiliária atingiu a marca de R$ 69 bilhões em julho deste ano, saindo de R$ 20 bilhões há cinco anos. O crescimento desde 2005 atingiu a marca expressiva de 250%, segundo dados do Banco Central (BC).
Somando o estoque de linhas para as famílias, de R$ 116 bilhões, o total de recursos devido às instituições financeiras acumula R$ 185 bilhões, avanço de 300% nos últimos cinco anos, ou o equivalente a uma expansão média de 45% ao ano. As informações constam de um levantamento feito pela autoridade monetária para o último Relatório de Inflação, relativo ao mês de setembro.
De acordo com o BC, o mercado tem revelado "dinamismo nos últimos anos, condizente com as condições macroeconômicas positivas" da economia brasileira. A oferta, considerada pela autoridade monetária como "vigorosa", segue às melhorias legais, como a alienação fiduciária, e também à evolução da renda e do emprego das famílias.Nesse período, o crédito para as empresas cresceu 530%, chegando a R$ 34,3 bilhões também em julho de 2010. Apesar do amplo domínio da Caixa Econômica Federal no financiamento aos mutuários, os recursos direcionados para as empresas ainda é um mercado cativo dos grandes bancos. As incorporadoras têm uma carteira de R$ 18,7 bilhões, enquanto o restante, R$ 15,6 bilhões, é o saldo das linhas para a construção de edifícios.
Segundo o BC, o desempenho "refletiu o elevado volume de lançamentos imobiliários, especialmente entre 2007 e 2008, beneficiados pelos recursos captados no mercado de capitais" por parte das grandes incorporadoras e construtoras. Desde 2005, 29 empresas do setor realizaram processo de abertura de capital. As emissões somaram R$ 32,1 bilhões, além de outros R$ 5,5 bilhões captados por meio de debêntures.
Os segmentos relacionados também vêm sendo beneficiados pelo boom de crédito à habitação. As empresas de serviços imobiliários demandam mais empréstimos e o estoque da carteira atingiu R$ 6,6 bilhões. Outros R$ 22 bilhões compõem o estoque do setor de material de construção, além do direcionamento de mais R$ 6,2 bilhões em infraestrutura ligada à construção civil.
Durante coletiva para divulgação do Relatório de Inflação, na última quinta-feira, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, comentou que esse segmento apresenta um crescimento expressivo, mas o volume ainda é pequeno, da ordem de 3,5% do PIB. Segundo ele, há países que tem estoque muito superior ao Brasil. "40% do PIB não é exagerado", disse.
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