segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dono de imóvel vira inquilino em busca de qualidade de vida

CAROLINE PELLEGRINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Trocar o aluguel pela casa própria costuma ser a trajetória mais comum de quem pode aproveitar o mercado imobiliário aquecido e a oferta abundante de crédito.

Mas uma parte dos paulistanos prefere fazer o oposto: deixar o imóvel que possui para virar inquilino.

As dificuldades para se deslocar e a procura por qualidade de vida são os fatores que mais influenciam essa decisão. "A propriedade deve servir às pessoas, e não o contrário", comenta Roseli Hernandes, diretora comercial da imobiliária Lello.

Casal Aline Rodrigues, 31, e Denis Batista, 30, que viraram inquilinos para ter mais tempo para ficar com a filha

Uma pesquisa feita pela empresa entre junho e agosto mostra que 3,3% dos inquilinos de seus 9.000 imóveis locados têm imóvel próprio.

Segundo o levantamento, 40% dos proprietários que viram inquilinos alugam um imóvel para ficar mais perto do local de trabalho.

"O principal fator é o trânsito. É impraticável, por exemplo, morar na zona leste e trabalhar na zona sul", considera Leonel Marques Vicente, diretor de locações da Robotton Imóveis.

A pesquisa DNA Paulistano, realizada pelo Datafolha em 2008, mostra que, em média, o paulistano demora 37,4 minutos para ir de casa até o local de trabalho.

Em bairros do extremo sul, o tempo médio de deslocamento é de 44,6 minutos. No extremo leste, essa média chega a 46,3 minutos.

TEMPO PARA A FILHA

Para reduzir o tempo gasto no trânsito, a enfermeira Aline Valesin, 31, alugou seu apartamento na Mooca (zona leste) e virou inquilina.

Foi para perto do trabalho, na Chácara Santo Antônio (zona sul). "Eu e meu marido economizamos tempo e vamos curtir mais a nossa filha de cinco meses", conta.

A escolha por receber aluguel em vez de vender o primeiro imóvel para comprar outro
pode ser explicada pela facilidade da transação, explica Luciano Godoy, professor de direito civil da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas).

"Além de ser uma negociação mais simples, quando se trata de casais o contrato pode sair em nome de um cônjuge e o outro ser seu fiador", esclarece Godoy.

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