sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Crédito imobiliário tem excepcional oportunidade de crescimento, avalia Trabuco.

Presidente do Bradesco lembrou que os empréstimos imobiliários representam só 4% do PIB e que setor está 'distante' de uma bolha

Altamiro Silva Júnior, da Agência Estado

SÃO PAULO -

O crédito imobiliário tem oportunidade "excepcional" de crescimento, avalia o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. Para ele, apesar da alta dos preços dos imóveis e do crescimento dos empréstimos, não há uma bolha no setor. "Os empréstimos imobiliários representam só 4% do PIB (Produto Interno Bruto), bem distante (de uma bolha)", disse o executivo.

O crescimento do crédito e dos serviços bancários é fruto da expansão da economia e da ascensão social, avalia o presidente do Bradesco. "O Brasil está conseguindo transformar pobres em consumidores", diz Trabuco. Ele cita como exemplos o fato de o Bradesco estar abrindo 6 mil contas correntes por dia para as classes C, D e E. Outro indicador é a agência que o banco abriu na favela de Heliópolis, em São Paulo, que já conta com nove clientes "prime" (alta renda). "O País estará vivendo seus melhores momentos econômicos nos próximos anos."

Empresas abertas

O Brasil tem condições de dobrar o número de empresas de capital aberto, prevê o presidente do Bradesco. "Se compararmos com a Índia, o número lá é muito maior que aqui", disse o executivo em entrevista à imprensa.

Trabuco prevê um mercado de capitais aquecido nos próximos anos para financiar o crescimento da economia. "As empresas familiares perceberam que o mercado é um aliado", disse o presidente do Bradesco.

Sobre o crédito de longo prazo, Trabuco diz que o Bradesco tem feito esse tipo de empréstimo quando consegue captar recursos também com prazo maior. "Bancos precisam ser cautelosos com o casamento entre ativos e passivos." Uma das formas de se aumentar o funding de longo prazo é conseguir captar no exterior com prazo também maior e juros mais atrativos. Atualmente, o custo de emissão de empresas brasileiras chega a ser inferior ao das americanas, destaca Trabuco. "A companhia brasileira passou a ser vista como de menor risco."

Para o executivo, o investidor estrangeiro passou a entender e ver melhor o País e suas empresas. Prova disso é o valor de mercado dos bancos brasileiros superando o de concorrentes europeus e americanos.

Sobre a capitalização da Petrobrás, Trabuco preferiu não comentar, pois o Bradesco Banco de Investimentos é um dos coordenadores da operação.

Trabuco participou nesta quinta-feira de um café da manhã promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef).