CRISTIANE CAPUCHINHO
DE SÃO PAULO
Os projetos residenciais aprovados pela Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo neste ano mostram um contraste de interesses no mercado imobiliário. Itaquera, Itaim Bibi e Vila Matilde são os distritos líderes em aprovações, segundo levantamento feito a pedido da Folha pelo Geosecovi (setor de geoprocessamento do sindicato da habitação).
Na zona leste, Itaquera -com 13 projetos aprovados- e Vila Matilde (11) têm histórico de empreendimentos econômicos.
Já o Itaim Bibi (zona oeste; 11 aprovações) é distrito símbolo do luxo na capital paulista. Lá, o preço do metro quadrado de um lançamento chega a R$ 18 mil.
Em número de unidades, os projetos devem diferir bastante. O normal é que empreendimentos econômicos tenham mais unidades e sejam menores. O relatório da prefeitura, contudo, não especifica o número de unidades nem seu tamanho.
CRÉDITO
Acostumadas a investir em imóveis de alto padrão, as construtoras se voltaram a um novo mercado em 2009 graças ao programa Minha Casa, Minha Vida. Mas não abandonaram seu filão e apostam no incremento da venda de luxo.
"Com a economia aquecida, as classes C e D passam a ter acesso à compra de imóvel. Mas também há mais gente que pode entrar no altíssimo padrão", avalia Mirella Parpinelle Correa, diretora de atendimento da Lopes.
"Mostramos para esse cliente que vale a pena pegar o crédito", conta Roberto Coelho da Fonseca, diretor da Coelho da Fonseca.
Os extremos no tipo de lançamento não estão apenas em zonas opostas da cidade. Na Vila Formosa (zona leste), quinto distrito em aprovações, dois dos projetos aprovados estão na região de Anália Franco, e os outros seis, na parte mais baixa do distrito, em que o padrão é econômico.
VERTICALIZAÇÃO
Também com metrô, a Vila Matilde ainda é um distrito de casas e população bairrista, que aproveita a parte de serviços bem desenvolvida da região. "Tem padaria, farmácia, banco", afirma Maurílio Scacchetti, da consultoria Habitcasa.
A infraestrutura da área atrai agora construtoras para lá. Onze projetos residenciais foram aprovados pela prefeitura de janeiro a julho deste ano, o que mostra o início de alterações no bairro.
"É mais perto do centro, e o metro quadrado é de 30% a 40% mais caro do que nos bairros da extrema zona leste", considera João Crestana, presidente do Secovi.
Os lançamentos por ali, em geral, são de dois e três dormitórios. O valor médio do metro quadrado é de R$ 3.183, segundo pesquisa da empresa de pesquisas imobiliárias Geoimovel.
Nesse tradicional distrito da zona leste, a pesquisa DNA Paulistano do Datafolha aponta que 89% dos moradores estão entre as classes B e C. A população é jovem: 38% tem entre 25 e 49 anos.
As principais queixas da população são a falta de segurança e a iluminação pública precária em suas diversas ruas pequenas e sinuosas.
Fonte Folha de São Paulo