Retomada da demanda e escassez da oferta elevam o valor dos imóveis, que sofreram queda com a crise global
Andrei Netto - O Estado de S.Paulo
Dois anos depois da crise imobiliária que levou o mercado europeu à recessão, com queda de 20% nos preços, como ocorreu na França, o valor de casas e apartamentos alcançou um recorde.
Em Paris, o metro quadrado de área construída chegou à média de 6,6 mil no segundo trimestre. A pressão de alta é tão forte que imóveis recém-construídos têm preços de até ? 20 mil por metro quadrado.
O balanço foi apresentado pela Câmara dos Notários de Paris e Île-de-France. O novo teto, exatos ? 6.680, supera por ? 40 o anterior, do terceiro trimestre de 2008. Em relação ao valor verificado no segundo período do ano passado - ? 6.080, o aumento foi de 9,8%, enquanto o volume de transações subiu 38%.
O fenômeno da elevação dos preços é explicado pela retomada da demanda - por sua vez impulsionada pelo crédito a juros baixos -, conciliada com a escassez de oferta, já que muitos proprietários ainda hesitam em colocar seus bens à venda com medo da oscilação dos preços.
Ainda segundo o levantamento, o mercado já é mais impulsionado por investidores do que por compradores de primeiro imóvel, situação que preocupa analistas. Entre 1999 e 2010, o preço dos imóveis cresceu 250%, enquanto o salário médio teve acréscimo de 60%.
Em alguns bairros centrais da capital, esse cenário já se desenha. O recorde é no sexto distrito, onde estão o Jardim de Luxemburgo e o Boulevard Saint-Germain-des-Près: em média, o metro quadrado custa ? 9,9 mil. No quarto distrito, onde ficam pontos turísticos como a Île de la Cité e a Catedral de Notre Dame, o preço de um apartamento custa, em média, ? 9,5 mil por metro quadrado.
"Tem imóvel custando ? 20 mil por metro quadrado. Virou uma loucura", disse ao Estado o corretor brasileiro Roberto Haenel, proprietário da agência imobiliária Mon-Paris.
A eventual estabilidade em patamar elevado vai transformar Paris em uma cidade para elites, adverte o tabelião Frédéric Dumont, diretor do cartório de Montreuil, ao sul da capital. "Essa alta do preço não é sustentável nem política, nem economicamente. Paris está se tornando uma cidade inacessível às classes médias e populares."
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