Jornal do Commercio, Viviane Faver, 27/ago
Antes tratada como opção genérica, para aqueles não tinham conseguido se encaixar em suas áreas de preferência, a profissão de corretor de imóveis está em alta. A possibilidade de ascensão rápida e remuneração elevada atrai cada vez mais os jovens.
Pesquisa feita pelo Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci) mostra que, somente no primeiro semestre deste ano, cerca de 20 mil novos corretores ingressaram na área.
O número é 11,5% superior ao registrado em 2009.
Com o mercado imobiliário aquecido - principalmente no Rio de Janeiro, a partir da expansão da Zona Oeste -, falta mão de obra especializada para comercializar os empreendimentos construídos e em construção.
"Enquanto o número de lançamentos continuar crescendo em todo o País, mais corretores serão necessários e mais profissionais serão selecionados", afirma Mauricio Seixo, superintendente de Recursos Humanos da Brasil Brokers, um dos maiores grupos de intermediação e consultoria imobiliária da América Latina. No primeiro trimestre deste ano, a empresa ultrapassou os 10 mil corretores, com crescimento de 25% no quadro em relação a igual período de 2009.
O perfil do corretor de imóveis também tem mudado. Os requisitos profissionais crescem na mesma proporção do aquecimento do mercado. Hoje, as imobiliárias estão privilegiando aqueles que já completaram ou, ao menos, estão cursando o nível superior. Para quem quer se especializar na área, há cursos superiores de gestão imobiliária em capitais como Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília.
Ter ou não o registro nos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis (Creci), exigido para o exercício da profissão, já não é mais tão importante.
Diante da carência de profissionais, muitas imobiliárias recrutam potenciais candidatos a corretor e os inscrevem nos cursos de Técnico em Transações Imobiliárias (TTI), passaportes para o registro.
Segundo Seixo, da Brasil Brokers, o corretor de imóveis tem, ainda, que ter boa fluência verbal, boa apresentação pessoal e ser proativo. Outra exigência é manter-se bem informado sobre os acontecimentos da atualidade, para ser capaz de conversar com seus clientes e quebrar o gelo inicial. Coisa que Roberto Marinho, 34 anos, o gerente de maior performance em vendas da Brasil Brokers no ano passado, faz bem.
Marinho morava em Conservatória quando resolveu mudarse para Niterói para trabalhar e estudar Direito. Acabou abraçando a atividade de corretor de imóveis meio por acaso. Mas, ao terminar a faculdade, a paixão pela profissão falava mais alto e ele desistiu de investir na carreira de advogado. "Nessa área, o maior receio do profissional costuma ser a inconstância da renda. É preciso manter uma reserva capaz de sustentá-lo por um período de três a seis meses", aconselha.
A Lopes Imobiliária, outra grande empresa de atuação nacional, com escritório no Rio de Janeiro desde 2006, costuma promover palestras sobre finanças pessoais, para ajudar seus corretores a administrar o próprio dinheiro. "Também costumamos auxiliar os novatos, para que façam uma venda logo no primeiro mês e não desanimem", diz a coordenadora de Recursos Humanos da empresa, Denise Maia, para quem o profissional da área deixou de ser corretor para virar consultor
Imobiliário.
Outro que, como Marinho, formou-se em Direito é Flávio Monteiro. Recém-chegado à Lopes Imobiliária, ele vê este como um setor em expansão. "Ainda não fiz minha primeira venda e confesso que estou ansioso, mas sei que o início é mais difícil. A receita é manter o foco", afirma.